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A cantora Norah Jones confiou em seu próprio taco quando concordou em estrelar o filme mais recente do diretor chinês Wong Kar Wai, "My Blueberry Nights".

Quando recebeu o convite para fazer o papel de Elizabeth no primeiro filme em língua inglesa do diretor, ela nunca tinha assistido a nenhum dos filmes de Wong e estava com a atenção voltada a uma turnê.

Mas, depois de assistir ao aclamado "In The Mood For Love", de Wong, Norah Jones concordou em experimentar ser atriz."Eu não tinha plano algum de me lançar como atriz. Ele bateu à minha porta, e eu não fazia idéia do que era e pensei simplesmente: 'Estou em turnê, não sou atriz"', disse Jones a jornalistas depois de o filme ter sido exibido para a imprensa em Cannes.

"My Blueberry Nights" é o filme que inaugura a 60ª edição do Festival de Cinema de Cannes e é um dos 22 trabalhos que vão concorrer pela cobiçada Palma de Ouro. O filme fará sua estréia mundial numa sessão de gala esta noite.

"Assisti a 'In The Mood For Love' e pensei 'uau, essa é a coisa mais linda que já vi na vida", disse Jones.

"Pensei: 'Vamos almoçar juntos. Talvez ele queira que eu faça a música'. Mas ele disse: 'Você quer atuar no filme?"', contou.

"Falei: 'OK, você é incrível'. Mergulhei de cabeça, sem pensar, com um sentimento de confiança nele."

Foi um risco também para Wong. Ele decidiu chamar Norah Jones para o papel sem tê-la conhecido pessoalmente, atraído por sua aparência e sua voz.

Amor perdido

Norah Jones é uma artista premiada com o Grammy que, aos 28 anos de idade, já vendeu dezenas de milhões de álbuns. Ela aparece ao lado do galã britânico Jude Law numa história sobre amor perdido e encontrado, que se passa em Nova York e outras partes dos Estados Unido.

Jude Law faz o inglês Jeremy, de Manchester, que é dono de um café em Nova York. Ele revela a Elizabeth que o namorado dela a vem traindo, e pouco a pouco eles vão se tornando almas gêmeas.

Elizabeth parte numa jornada em que conhece um policial que afoga suas mágoas conjugais no uísque (David Strathairn), a mulher dele (Rachel Weisz) e uma jogadora compulsiva (Natalie Portman).

Wong disse que ficou fora de sua zona de conforto com o filme, que os críticos em Cannes elogiaram inicialmente por sua beleza visual e sua trilha sonora, mais que pela narrativa ou os diálogos.

"O desafio deste filme é que ele é falado em inglês, que não é minha língua", disse Wong, que no ano passado presidiu o júri de Cannes.

Ele contou que com frequência acha "muito constrangedoras" as tentativas de diretores estrangeiros de fazer filmes sobre a China, com personagens distorcidos ou exóticos demais.

"Eu sempre quis fazer um filme numa língua diferente, mas queria evitar esse problema. Eu queria fazer justiça aos americanos, aos personagens, como espero de outros filmes."

http://oglobo.globo.com/blogs/cinema/#58364

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