Mal estreou e a novela "Bang Bang" já vem sendo motivo de polêmica. A trama do jornalista Mário Prata, que foi ao ar nesta segunda-feira no horário das 19h, foi considerada pela Frente Parlamentar pelo Direiro da Legítima Defesa uma ameaça. Tanto que o grupo, que é contra a proibição da venda legal de armas e munições, entrou com um pedido de liminar para suspensão imediata da transmissão do folhetim da Rede Globo. O recurso foi negado em primeira instância pelo Tribunal Superior Eleitoral, pelo ministro substituto Marcelo Ribeiro.
- De forma alguma. Não faço campanha em relação ao desarmamento. A novela não tem a intenção de influenciar ninguém sobre este assunto. Não busco retratar o Brasil, apenas reconhecemos na trama algumas situações do nosso país, tratadas com humor - defende-se Prata.
A Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa sustentou na representação, entre outros pontos, que a novela serviria de meio para que a emissora difundisse opinião favorável ou contrária a qualquer das propostas do referendo, contrariando a legislação em vigor. Para o deputado Alberto Fraga (PFL-DF), presidente da Frente, Mário Prata teria dito em recente entrevista que promoveria o desarmamento popular.
- Anexamos esta entrevista ao pedido de suspensão da novela, na qual a sua frase de impacto é de que ele promoveria o desarmamento social na própria novela. Logo no primeiro capítulo, pudemos perceber no cenário placas como "aqui não usamos armas" e "proibido uso de armas". Isso já é uma forma de indução da população - ataca Fraga.
O deputado diz ainda que a Rede Globo estaria utilizando sua influência como veículo de comunicação para promover uma campanha a favor do desarmamento sem base nos princípios democráticos.
- Somos contra o enredo desta novela trazer informação a favor do desarmamento. É um abuso aproveitar o grande poder de formação de opinião que as novelas têm, em especial, a Rede Globo, para induzir a população na sua escolha. Não queremos que a novela forme juizo de valor e influencie a população na decisão do referendo. Senão, este passa a ser desnecessário. Vamos deixar que a Globo decida. E ela já decidiu pelo desarmamento - alfineta o deputado.
Na opinião do deputado federal Jair Bolsonaro (PP - RJ), outro integrante da frente contra a probição da venda de armas, a emissora carioca poderia atrasar em duas semanas a estréia da novela, para que não houvesse nenhuma influcência sobre o referendo do desarmamento, a ser votado pela população no dia 23 de outubro.
- Não tive a oportunidade de assitir "Bang Bang", mas sabemos que a Rede Globo é favorável ao desarmamento e, se a novela for mesmo tendenciosa, ela poderia ser atrasada para não exercer nenhuma influência - afirma Jair.
A decisão definitiva sobre o futuro da novela "Bang Bang" só será anunciada após o término dos prazos de defesa. O Ministério Público Eleitoral já recebeu as defesas encaminhadas pela Rede Globo e pela frente parlamentar Por um Brasil sem Armas e terá 24 horas para elaborar um parecer.
De acordo com a decisão do ministro Marcelo Ribeiro, antes de a novela ser transmitida, não há como afirmar que ela servirá de meio para difundir "opinião favorável ou contrária a qualquer das propostas do referendo".
- Filmes, novelas, seriados, entre outros, veiculam, cotidianamente, cenas de violência. Nem por isso devem, a não ser que a conduta da emissora se enquadre nas proibições previstas pelas normas pertinentes, ter proibida a sua transmissão - afirmou o ministro Marcelo Ribeiro.
No seu primeiro dia de exibição, "Bang Bang" alcançou 37 pontos de média de audiência com 57% de share (número de televisores ligados no canal da emissora, a cada cem aparelhos). O primeiro capítulo de sua antecessora, "A lua me disse" obteve um pior desempenho, com 32 pontos no Ibope.
Satisfeito com o seu retorno à TV depois de 20 anos afastado da Rede Globo, o autor não pretende reproduzir a realidade brasileira na telinha.
- A medida provisória, as taxas e a pergunta de um personagem para os bandidos, "posso tomar conta do cavalo, tio?", são, por exemplo, grandes piadas. Reforço que a novela não fará apologia a nada, acredito que o importante é remover o ódio do coração das pessoas. É a história do mocinho que quer vingança e se apaixonará pela mocinha do vilão e, por isso, não conseguirá matá-lo, por exemplo - conclui Mário Prata.
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