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Cena do filme "Robin Hood" | Divulgação
Cena do filme "Robin Hood"| Foto: Divulgação

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Um rei populista, um herói comunista e um frei apicultor. Bem-vindo à Idade Média de Ridley Scott que, depois de reescrever a Roma Antiga ("Gladiador") e as cruzadas ("Cruzada"), dá a sua versão do mais famoso fora-da-lei da Inglaterra em Robin Hood (veja trailer e fotos). No Brasil, o filme chega aos cinemas em cópias dubladas e legendadas.

A Scott e seu roteirista Brian Helgeland ("Zona Verde") pouco interessa o Robin Hood conhecido, o Príncipe dos Ladrões, que roubava dos ricos para dar aos pobres. O filme se interessa pelos anos de formação do personagem; é praticamente o making of de um heroi fora da lei.

Ao filme, não importa no que Robin Longstride se tornou, mas como ele se transformou em lenda. Ou seja, tal qual todos os primeiros filmes das séries recentes de personagens famosos (Batman, Homem-Aranha...), reinventa-se suas origens. Seria esse o começo de uma série de filmes? A julgar por tudo aquilo que Scott e companhia deixam de fora, é bem possível que sequencias estejam a caminho.

Russell Crowe -- em sua quinta parceria com o diretor -- é Longstride, um arqueiro que pertence ao exército do rei Ricardo (Danny Huston), que logo é morto em batalha contra os franceses. A consequencia disso é que sobra para o arqueiro -- sob a identidade de Sir Loxley, que também morreu nas mãos dos inimigos -- e seus companheiros levarem a coroa para Londres, onde será colocada na cabeça do príncipe João (Oscar Isaac, de "Rede de mentiras"). Este, assim que sobe ao trono, dispensa o conselheiro real, William Marshall (William Hurt, de "A Condessa"), para aceitar as sugestões de seu amigo Godfrey (Mark Strong, de "Shellock Holmes"), que o trai fazendo jogo duplo com os franceses.

Enquanto os nobres estão empenhados em fazer alianças e novos inimigos, Longstride precisa assumir completamente sua identidade falsa, o que inclui a de filho Loxley (Max von Sydow, de "Ilha do Medo") e marido de Lady Marion (Cate Blanchett, de "O Curioso caso de Benjamin Button"), inclusive dividindo a cama com ela. De princípio, ela não gosta muito do plano do sogro, mas acaba aceitando, para que os Loxley não percam suas terras por causa da morte do verdadeiro marido de Marion.

A escolha do elenco -- especialmente Cate e Crowe -- é um indício de que Scott está levando a sério demais a história que, até então no cinema, era pura diversão, seja quando o bandido fosse interpretado por Douglas Fairbanks e Errol Flynn ou até mesmo Kevin Costner. A longa duração de "Robin Hood", suas aspirações épicas e letreiros no começo e final dão uma seriedade da qual o personagem não necessita. Ainda assim, com mais de duas horas, o filme parece incompleto, sem densidade ou personagens realmente interessantes. Deixando de lado o mito, para contar as suas origens, o filme faz lembrar o recente "Rei Arthur".

Uma década mais velho depois de "Gladiador", Crowe (que é coprodutor do longa) transforma seu Robin Hood num personagem que parece saído de algum drama social de Ken Loach, com discursos comunistas e inspiradores. Além disso, aos 45 anos, ele parece ter passado da idade para fazer o personagem que caberia bem melhor em algum ator mais jovem.

A melhor coisa em "Robin Hood" -- senão a única realmente boa no filme -- é a animação na qual rolam os créditos no final do longa. Assinada por Gianluiggi Toccafondo (que também é responsável pela vinheta da empresa produtora dos irmãos Ridley e Tony Scott, a Scott Free), a sequência em cores vibrantes reconta a história do fora-da-lei em poucos minutos, com mais vibração e sagacidade que todo o filme que acabou de passar.

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