Faroeste Caboclo
Os fãs de Renato Russo podem agendar para breve outra ida ao cinema: estreia no dia 30 de maio o filme Faroeste Caboclo, inspirado na canção homônima do Legião Urbana, um dos maiores sucessos da banda, lançado em 1987.
Cinema
Confira informações deste e de outros filmes no Guia do JL.
Não vá esperando algo acelerado, visceral no limite, bem ao estilo sexo, drogas e rock-and-roll. O filme Somos Tão Jovens não embarca na onda biográfica que mostra reis musicais e suas loucuras, bebedeiras e polêmicas: faz um recorte da adolescência de um Renato Russo que ainda está se descobrindo e embarcando na música, a grande paixão da sua vida.
Mesmo nessa levada mais suave, o filme consegue ter momentos intensos e emocionantes. Grande parte dessa visceralidade está nas passagens musicais do longa. O que é fácil de entender, já que o desenvolvimento da cena roqueira de Brasília (1970 a 1980) é o pano de fundo, e o diretor musical Carlos Trilha exigiu que todas as músicas fossem tocadas ao vivo e pelos próprios atores. "A gente não precisava fingir que estava num show. A gente realmente estava em um. Era divertidíssimo e ficávamos tão empolgados que continuávamos pulando e eles tocando, mesmo quando já tinham pedido para cortar a cena. Uma festa", conta Laila Zaid, que faz uma das personagens fictícias do longa.
Aliás, a ficcional Aninha, a melhor amiga, cúmplice e parceira de Renato Russo no filme é fruto da imaginação, mas ainda assim uma das boas surpresas do filme. A relação criada entre a personagem e o protagonista é tão forte na trama que faz as cenas serem extremamente convincentes, e a dupla consegue um dos momentos mais emocionantes da fita.
Isso, em grande parte, deve-se ao bom trabalho de interpretação dos atores. Além da própria Laila, que dá um show, Thiago Mendonça realmente surpreende. O receio de que poderia surgir qualquer vaga lembrança do personagem Luciano, de Dois Filhos de Francisco (2005), se desfaz totalmente já nas primeiras cenas do longa.
Vê-lo cantando ainda pode soar estranho principalmente para os fãs ferrenhos que não conseguem substituir o grave intocável de Renato. Mas, nos momentos de interpretação, o modo de falar quase pausado, os trejeitos e feições são tão parecidos com o do ídolo que chegam a assustar.
O tom suave é bem-vindo no filme, mas há momentos como o ponto em que a preferência homossexual de Renato Russo é apontada que pode parecer leve até demais. O encanto do cantor com o personagem ficcional Carlinhos é mostrado de forma romântica e um pouco boba. Mas, para o diretor Antonio Carlos de Fontoura, naquela fase Renato ainda estava se descobrindo e, por isso não havia motivos para escancarar a preferência sexual do ídolo.
Outra coisa que pode ter sido criada pensando ser uma grande sacada mas que definitivamente não funciona é uma sequência de referências a canções do Legião. Ver o personagem de Renato entrando em uma festa e dizendo "festa estranha com gente esquisita" é o tipo de referência fraca, boba e desnecessária.
A sorte é que há muito mais para se gostar e esses detalhes viram bobagens no todo. No fim, o que se tem é uma bela amostra da relação de Renato com a sua turma da Colina, com Brasília, com a irmã Carminha (que acompanhou todas as gravações do filme e ajudou em muitos detalhes), com a música e com a vida. Um filme que deve emocionar os fãs e fazer com que curiosos se interessem e, quem sabe, até se apaixonem pelo Legião.
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