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Neguette foi um guerreiro e quis continuar em campo mesmo machucado, mas técnico Lori Sandri não deixou | Antônio Costa / Gazeta do Povo
Neguette foi um guerreiro e quis continuar em campo mesmo machucado, mas técnico Lori Sandri não deixou| Foto: Antônio Costa / Gazeta do Povo

O modernismo deixou marcas sólidas na arquitetura de Curitiba, especialmente nos prédios públicos erguidos na metade do século 20, como a Biblioteca Pública do Paraná e o Teatro Guaíra. O modelo modernista, porém, embora forte em todo país, principalmente por obra de nomes como Orcar Niemeyer e Lúcio Costa, entrou em decadência nos anos 80.

O pós-modernismo apareceu por aqui, mas sem conquistar tanta fama. Era uma "visão caricata da arquitetura moderna", nas palavras da arquiteta e professora Josilena Gonçalves.

Cada vez mais longe do século passado, quando se estabeleceu o que era "moderno", e diante do enfraquecimento dos dois estilos, surge a pergunta: afinal, em que direção caminha a arquitetura curitibana?

Não há resposta fácil para essa questão. É certo que o modernismo, se já não dita as regras, ainda é uma referência bastante presente na capital paranaense. "Estamos vivendo uma retomada de alguns valores do modernismo", constata o arquiteto e professor Emerson Vidigal. "Muitos dos conceitos do movimento modernista são atemporais e os bons ainda são aplicáveis", ecoa o arquiteto Orlando Busarello.

Manoel Coelho, criador do mobiliário urbano (telefones públicos, bancas de jornais, os atuais pontos de ônibus) de Curitiba, acredita que o modernismo ainda prevalece na arquitetura corporativa. Mas os espaços residenciais estão sob a influência de outra época. "O gosto do momento é o neoclássico, num retorno à moda da década de 40", afirma.

De fato, proliferam pelas esquinas curitibanas as construções que copiam o ideário estético que, no século 19, já era chamado de neoclássico. "Copiam" porque, naquela época, o estilo já não era exatamente original, mas, sim, uma releitura de outro anterior – o clássico, criado e consagrado por gregos e romanos.

"Neonada"

Reconhecíveis pela presença de elementos comuns nas construções da Antiguidade Clássica, como colunas e frontões, e pela pintura em cores claras, como o branco e o bege, os edifícios neoclássicos são uma febre de mercado. "É o neonada", criticam Manoel Coelho e Orlando Busarello, com a mesma expressão. "É completamente ultrapassado do ponto de vista estético, é uma aberração", opina Vidigal.

Ainda que suscite revolta entre muitos arquitetos, para quem o modismo não passa de especulação imobiliária e não tem legitimidade estética, visto que é ultrapassado, Alfred Willer lembra que o neoclássico é uma tendência "de fato". "O neoclássico corresponde à falsa idéia do luxo, pois, na realidade, as fachadas são mais baratas de construir do que as modernas, que empregam revestimentos mais caros", afirma.

A explicação para a "tendência" – que Emerson Vidigal faz questão de colocar entre aspas – é, para o professor, o perfil conservador do mercado curitibano. Avesso a ousadias, prefere absorver a estética passadista e se manter fiel ao gosto pelo modernismo. "A arquitetura de vanguarda hoje é feita em São Paulo, não aqui. Estamos atrasados dez ou 20 anos, na contramão das correntes", critica. "O investidor curitibano é mais conservador e o resultado na arquitetura é a moderação, salvo o Museu Oscar Niemeyer", concorda o arquiteto Alfred Willer.

A longevidade de alguns dos princípios modernistas não é, em si, um problema. "Não existe nada que obrigue a romper completamente de um processo para o outro", observa Coelho. Desde que passe por uma atualização, como o uso das novas tecnologias. A questão é a indefinição do que surge após o modernismo para acompanhar as transformações. "Estamos em um período de incubação", opina Coelho. O momento é de transição, mas o arquiteto ainda não vê nada de novo ser gestado por aqui.

"Hoje há uma arquitetura sem nome certo, que traz um pouco do modernismo, do pós-modernismo e do minimalismo", diz Vidigal. Para o arquiteto, o que há de identificável no "novo estilo" em vigor é a tendência a simplificar os processos construtivos, criando um padrão estético simplificado, de formas essenciais. Mais do que isso, é só esperar para ver.

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