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Dizem que fazer sucesso não é difícil. Difícil é sobreviver à glória. Isso diz respeito à situação do escritor cearense radicado no Recife Ronaldo Correia de Brito.

Ele escreveu, e publicou, Galileia, uma obra-prima da literatura brasileira. O romance, que tem muitas vozes, mostra os conflitos de uma família que tem origens no interior do Nordeste. A narração polifônica é deslumbrante, um marco que foi reconhecido pelo público e crítica. Galileia venceu o Prêmio SP ano passado na categoria Livro do Ano.

Agora, ele apresenta um outro livro.

Retratos Imorais reúne 22 contos. De certa maneira, não há como pensar, e avaliar, essa nova obra sem levar em consideração o romance premiado.

E, se a comparação for feita, o título recém-publicado parece, no mínimo, carente de algo.

Há momentos inesquecíveis, como o conto "Pai Abençoa Filho", que mostra a eterna ruptura entre as gerações. De maneira geral, cada conto evidencia temas discutidos desde a Grécia antiga: amor, ciúme, perplexidade diante da surpresa que é o próximo passo etc.

Mas falta unidade ao livro.

O próprio autor reconhece a variação de nuances da obra. "O livro começa barulhento, histérico e termina quase em silêncio. Eu aconselho que as pessoas leiam todas as narrativas, porque o impacto dos Retratos Imorais, sua ousadia, está no frenesi de vozes, nos gritos e nas gargalhadas dos personagens."

No entanto, talvez seja essa variedade excessiva de vozes que torna o livro, no mínimo, variado e, também, irregular (nem todos os textos apresentam a mesma consistência).

Como a obra chega depois de um livro absolutamente acima da média, a impressão é de que falta algo. Ou muito. GG

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