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Bial conversou com Antônio Carlos Queiroz, Maria Paula e Luiz Felipe Pondé sobre correção política | Renato Rocha Miranda/TV Globo
Bial conversou com Antônio Carlos Queiroz, Maria Paula e Luiz Felipe Pondé sobre correção política| Foto: Renato Rocha Miranda/TV Globo

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Na Moral

Quintas-feiras, às 23h45, na TV Globo

Acabou a "moleza" de Pedro Bial. Muita gente brincava, dizendo que o carioca de 54 anos tinha o melhor emprego do mundo, pois trabalhava durante três meses no Big Brother Brasil e folgava nos outros nove. Também era consenso de que o conceituado jornalista, que já foi correspondente internacional e de guerra, cobriu eventos históricos – como o colapso da União Soviética e a queda do Muro de Berlim – e ex-apresentador do Fantástico, estava sendo subutilizado no comando do reality show, atirando "pérolas aos porcos" no BBB.

Desde a última quinta-feira, porém, o Bial dos confessionários e paredões cedeu espaço para o bom e velho jornalista Pedro Bial, apresentador de programa "sério", com direito a debate, reflexões e entrevistas nas ruas. Graças ao Na Moral, a atração criada especialmente para ele, que já nasce com uma proposta ousada: debater e estimular a reflexão sobre temas espinhosos e/ou controversos, sem tomar partido.

O programa de estreia girou em torno da ditadura do politicamente correto, e recebeu de um lado o jornalista Antônio Carlos Queiroz, autor da cartilha Politicamente Correto & Direitos – adotada pelo governo brasileiro –, e do outro o filósofo e professor Luiz Felipe Pondé, que escreveu o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, além da atriz, humorista e psicóloga Maria Paula e do cantor Alexandre Pires – o primeiro famoso a "atacar de DJ" na atração, o que vai acontecer em todas as edições.

A questão do politicamente correto foi abordada em diversos aspectos, das cantigas de roda – como as incorretas "Atirei o Pau no Gato" e "Boi da Cara Preta" – ao assédio (sexual e moral) no trabalho, passando pela literatura (trechos tidos como racistas nas obras de Monteiro Lobato), folclore (a adoção do Saci Pererê sem cachimbo), entretenimento (a patrulha politicamente correta em músicas, filmes e videoclipes) e até a maneira como as pessoas falam (o uso de expressões como "denegrir" e "a coisa está preta").

Evidente que, num programa de apenas meia hora de duração, é impossível discutir qualquer assunto com profundidade. Mas a atração conseguiu proporcionar algumas reflexões interessantes. A melhor sacada aconteceu quando foi abordado o tema da sedução no trabalho: uma publicitária deu o seu depoimento (com direito a trilha sonora e enquadramentos dramáticos), contando que foi abordada pelo chefe na agência onde fazia estágio. Maria Paula se apressou em condená-lo, afirmando que ele abusou do seu poder como empregador para assediar a moça. Em seguida Bial chamou ao palco o tal chefe e a estagiária, e revelou que a história tinha terminado em casamento. A maior escorregada também ocorreu quando se discutia o assédio, dessa vez o moral: a dramatização um tanto quanto exagerada do caso da funcionária de um laboratório, que tentou suicídio depois de ser humilhada no trabalho.

Noves fora, foi bom reencontrar o Bial "relevante". Resta saber se haverá polêmicas suficientes para manter o fôlego da atração por um tempo razoável.

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