Alamedas, comércio, praças de alimentação e espaços de convivência. A estrutura dos shoppings centers recria os centros das grandes cidades sob a proteção de um espaço coberto, com temperatura controlada, segurança, limpeza e conforto. Um movimento que, na opinião da professora de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Olga Firkowski contribuiu para a degradação dos centros tradicionais.
"Em Curitiba, por exemplo, a época em que a Rua XV era referência para o consumo ficou para trás. Pelo menos para a classe média. As grandes lojas estão hoje nos shoppings. E muitas que ficaram no Centro se adaptaram, mudaram de perfil e de público", diz. Olga lembra ainda o caso dos cinemas de rua. "Quantos ainda existem em Curitiba? E quem os frequenta?"
Proteção
Para a professora Valquíria Padilha, doutora em Sociologia, os malls criaram dois tipos de cidade: a de "dentro" e a de "fora". A cidade de fora, tradicional, tem divergências, chuva e pobreza. "Já na cidade protegida, você não precisa esbarrar com coisas que não te agradem."
Assim como em outros países onde é grande a desigualdade social e econômica, a violência urbana acentua o declínio dos espaços públicos, e leva as pessoas aos espaços "protegidos", como os shoppings.
"Mas o que acontece no Brasil é uma grande confusão entre o público e o privado. E não se pode tratar um shopping como um ambiente público. Ele tem um dono, um administrador, responsável por garantir toda essa segurança."
Valquíria questiona a capacidade de sociabilizar desses espaços. Para ela, à medida que trocam o espaço público pelos shopping centers, as pessoas se resumem ao papel de consumidor, perdendo o de cidadão. "Mas há outros fenômenos da sociedade atual que contribuem para essa perda, como os condomínios fechados."
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