O sociólogo Sérgio Franco pode ser considerado um "assessor cultural" dos pichadores paulistanos. Ele foi o responsável pela ida de brasileiros à Bienal de Berlim de 2012, onde os artistas de rua se recusaram a intervir em um espaço pré-definido e picharam uma igreja. Numa discussão, o curador Artur Zmijewski jogou um balde de água suja em Ivson, que revidou com tinta amarela. A polícia foi chamada, mas não houve maiores consequências para os brasileiros, que permaneceram dez dias em Berlim e deram palestra em duas universidades da capital alemã. Na entrevista abaixo, Sérgio diz o que pensa sobre o "pixo". "O modernismo no Brasil não chegou onde esses meninos estão chegando":

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Como você se envolveu com a pichação?

Em 2000 fiz um trabalho educativo durante a exposição Brasil 500 Anos, e ali comecei a busca por uma produção característica nacional. Vi que a pichação guarda essa identidade e trabalha com as problemáticas e políticas brasileiras. Minha questão era: "O que é a arte brasileira hoje?" Muitas vezes a arte contemporânea tem pouca expressividade, não consegue tocar o público. E a revolta contra a arte estabelecida está ficando mais forte. A pichação aproxima a vida da arte. O pichador tem não só uma realidade muito dura, mas privações como a baixa qualidade de ensino. E a pichação é um dos grandes elementos para expressar a revolta contra isso.

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Qual a lógica do ataque aos equipamentos artísticos?

O pichador trabalha com curadoria individual. Como faz o Banksy, artista de rua britânico, que fez um protesto ao colocar uma tela sua em um museu [em 2003, no Tate Britain, foi a primeira vez]. Subverteu assim o sistema museológico, em vez de pichar. Mas manteve a forma. Os meninos da pichação mudam o conteúdo.

Qual seu papel entre os pichadores de São Paulo?

Faço assessoria de História da Arte, mas minha relação não é de professor, e sim de amizade. Para que eles vejam que a arte não se constrói sobre tábula rasa. Eles estão tendo destaque internacional. No fim, o modernismo no Brasil não chegou aonde esses meninos estão chegando.

Como ocorreu sua viagem para Berlim com pichadores de São Paulo?

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Houve um convite pela Bienal de Berlim de 2012, após a invasão da Bienal de São Paulo em 2008. Inscrevemos um projeto em edital do Ministério da Cultura, que foi aprovado. Eles viajaram com dinheiro público.