"O vigarista do ano", novo filme protagonizado pelo astro Richard Gere, chega nesta sexta-feira nos cinemas. Baseado no livro autobiográfico "The hoax", de Clifford Irving, o filme homônimo mostra como a vaidade humana misturada com orgulho ferido pode resultar em uma combinação explosiva. A história do escritor que, inadvertidamente, mudou a cara dos Estados Unidos, culminando com a renúncia do então presidente Richard Nixon, faz com que, por quase duas horas, embarquemos em uma fábula sobre a mentira. E Clifford Irving, personagem de Richard Gere, mente muito.
Em "The hoax" (no original), Clifford é casado com a artista plástica Edith (Marcia Gay-Harden), mas dá suas puladas de cerca com Nina Van Pallandt (Julie Delpy). Dick Suskind (Alfred Molina), também escritor, é o ombro amigo que apóia Clifford praticamente em tudo. Além de conselheiro e confidente, Dick - e talvez por isto mesmo - é constantemente usado por Clifford como meio para ele atingir seus fins.
Irving está em vias de lançar um livro quando Andrea Tate (Hope Davis) o informa do cancelamento, com um pouquinho de humilhação embutida na informação. O escritor, ultrajado, acuado e ridicularizado, inventa que seu próximo projeto será simplesmente o maior livro do século XX. E que ele irá negociá-lo com uma editora rival.
Mesmo no início dos anos 70, o capitalismo já mandava bala. Com o fim do Verão do Amor, garotos morrendo no Vietnã e Nixon no poder, Clifford e os editores sabem que uma oportunidade deve ser aproveitada no momento propício. E, claro, antes de seu concorrente. Com a pulga atrás da orelha, os editores dão sinal verde. Agora, só falta Clifford encontrar um tema para sua obra. Ou alguém.
Praticamente por acaso, ele define como objeto de estudo o recluso magnata Howard Hugues, cuja última aparição pública datava de 15 anos antes. Ciente disto, Clifford se revela um ótimo falsificador, e se aproveita da "ausência" de Hugues para forjar uma carta-procuração "assinada" pelo magnata. Após duas perícias declararem sua autenticidade, Clifford utiliza a excentricidade de Hugues para ser o único contato entre ele e os editores, tornando-se seu porta-voz perante à editora, soterrando de vez qualquer tentativa dos editores de entrar em contato com o poderoso ricaço. Isto posto, é dada a largada para Clifford e Dick empreenderem um tour de force em busca de informações que os permitam ter acesso ao material necessário para a produção da obra.
Na medida em que o processo vai se desenrolando, Clifford vai demonstrando ser, além de mentiroso compulsivo, uma pessoa que não se importa em dar as tarefas mais perigosas para o amigo, Dick, cumprir. E assim ele segue, com a ajuda de seu fiel escudeiro, a quem usa e abusa, fazendo de gato e sapato, chegando até mesmo a envolver sua própria esposa em seu ambicioso plano.
Quando Hugues se desentende com Nixon, Clifford vira a pessoa perfeita para que ele se aproveite da situação. Com isso, o cerco se fecha para Clifford e seus cúmplices, sendo ele utilizado como instrumento de Howard para milionários e vantajosos acordos entre o magnata e seu presidente. O ricaço, ciente de toda a história, deixa a bola rolar até o ponto em que lhe convém, interferindo de forma capital quando julga o momento propício. Dessa forma, ele resolve suas pendências com a Justiça, com as finanças e com o presidente, ao mesmo tempo fazendo com que Clifford, seu sócio e sua mulher atinjam o fundo do poço.
Com ecos de "Os picaretas" (pela mentira da obra sem noção do retratado) e "Zodíaco" (pelo trabalho de investigação, reconstituição e pela trilha sonora), "O vigarista do ano" é um filme muito bem dirigido por Lasse Hallström, bem montado e bem escrito, mas que perde um pouco de sua força após a metade. Richard Gere está muito bem, luxuosamente assessorado por Molina, Gay-Harden e, ainda, as ótimas Hope Davis e Julie Delpy. A história da falsa biografia de Howard Hugues tem ainda em seu elenco o sempre bom Stanley Tucci, e mantém o interesse do espectador nas suas quase duas horas de duração.
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