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Ainda é quase assustador o concerto do Fry Street Quartet. O quarteto de cordas norte-americano, que participa da 30 ª Oficina de Música de Curitiba pela terceira vez e se apresentou na última segunda-feira no Canal da Música, faz com que os mais desavisados olhem para o palco com um ar catatônico.

Isso por conta de sua técnica e destreza impecáveis, percebidos em cada staccato, e em cada olhar trocado entre Felicia Moye e Rebecca McFaul (violinos), Brant Bayless (viola) e Anne Francis (violoncelo). Os norte-americanos voltarão a se apresentar na próxima segunda-feira, dia 16, às 19 horas, no Teatro do Paiol -- desta vez, com um "concerto de meditação evocativa".

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Para quem acompanhou as duas primeiras apresentações, nas Oficinas de 2010 e 2011, entretanto, o concerto deste ano parece ter sido mais frio, calculado, embora tecnicamente perfeito. Um dos motivos foi a substituição de dois músicos. O carismático William Fedkenheuer deu lugar à Felicia Moye; e Brad Ottensen cedeu sua viola a Brant Bayless. O outro motivo foram as muitas cadeiras vazias no Canal da Música naquela segunda-feira chuvosa, justamente o oposto do que foi visto nas apresentações anteriores.

No repertório, um começo ousado para um final inquestionável. O concerto iniciou com uma obra do norte-americano Aaron Copland (1900-1990), prolífico músico que passeia por diversos estilos, da tradição da música francesa clássica ao jazz erudito. Em Duas Peças para Quarteto de Cordas, vimos um Fry Street brincando com a tortuosidade de uma harmonia que alterna entre acordes maiores e menores. Nesses momentos mais imagéticos, percebemos a aura incrível que envolve os quatro músicos, que trocam olhares agudos e abusam de expressões ao atacar seus instrumentos.

Na sequência, Quarteto de Cordas n.° 7 Op. 108, de Dmitri Shostakovich (1906-1975). A obra, densa e longa – são quatro movimentos – chegou perto de cansar a plateia, o que era evitado, anteriormente, pelas intervenções sempre oportunas de Fedkenheuer. O violinista se comunicava, explicava trechos da peça e criava um dialogismo com o público – notadamente formado por músicos e interessados. Era didático, enfim, e não tão hermético quanto se mostrou o novo quarteto. Mas o clima mudou a partir do penúltimo movimento ("allegretto"), quando uma espécie de valsa deu novas cores à música. O Fry Street foi aplaudido com veemência.

O concerto se encerrou com Johannes Brahms (1833-1897). Um dos maiores compositores românticos da história foi relembrado com Quarteto de Cordas n.° 1 em Dó menor, Op. 51. Os quatro movimentos demonstram o rigor da obra do alemão, mas também sua estrutura polifônica, em que cabem tanto uma melodia doce quanto um tema mais exasperado. A plateia pediu bis. Mas não houve, apesar de os músicos retornarem ao palco por três vezes para receberem os aplausos efusivos.

Surgido em Chicago em 1997, o Fry Street Quartet -- o nome é uma "homenagem" a uma rua conhecida por ter estado, na década de 1930, sob o domínio da máfia de Al Capone – novamente deu o seu recado. Sem catarse e sem tanta vibração, mas com a perfeição de sempre.

Destaques

Nesta quarta (11), acontece pela segunda vez o Recital de Professores – Música de Câmara. Na programação, Heitor Villa-Lobos (Choro nº2 e Bacchianas nº 6). A Orquestra Sinfônica do Paraná, regida por Osvaldo Ferreira e com Olga Kiun Piotr Banasik como solistas, também se apresenta. No programa, Beethoven (Abertura Egmont Op. 84 e Sinfonia nº 7 e Lá maior Op. 92) e Francis Poulenc (Concerto para dois pianos e orquestra em Ré menor).

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