A mais frutífera parceria da música brasileira começou em 1958. Roberto e Erasmo Carlos, ambos com 17 anos, foram vítimas do rock daquela época. A afinidade musical os uniu e a dupla foi responsável pela criação de mais de 500 canções em pouco mais de uma década fato que pode ser comparado, por exemplo, ao turbilhão criativo de John Lennon e Paul McCartney.
"Estávamos unidos pelo rock-and-roll. Tivemos uma grande identificação logo de cara e a vida foi cada vez mais aproximando a gente", diz o carioca Erasmo Carlos ao Caderno G Ideias, por e-mail.
Os dois ouviam muito de Bill Haley, Little Richard e Chuck Berry. Mas foi Elvis Presley o caminho direto para o primeiro contato dos eternos parceiros. Ainda com a banda The Sputniks, Roberto Carlos cantava, mas a certa altura não lembrou da letra de "Hound Dog". Erasmo, grande fã de Elvis, não o deixou na mão. Anos depois, Edson Trindade, Arlênio e José Roberto "China" formaram o grupo The Snakes, e Erasmo foi escolhido como crooner. No mesmo ano de 1959, Roberto Carlos iniciou sua carreira na boate do Hotel Plaza, em Copacabana, cantando sucessos da época.
"Depois, começamos a ser parceiros, descobrimos afinidades, fomos nos gostando cada vez mais. Era um casamento que foi dando certo, como amigo e como parceiro musical", explica o músico.
Com o amigo que viria a ser Rei, Erasmo compôs sucessos como "Splish Splash" e "Parei na Contramão". Em 1963, é lançado um dos maiores registros musicais da dupla, marco inicial da Jovem Guarda: o LP É Proibido Fumar, que também continha a faixa "O Calhambeque".
Ao lado de Wanderléia, foram anos apresentando o programa Jovem Guarda, na TV Record. Mas aí algo balançou a amizade até então sólida dos músicos. A produção do programa preparou uma coletânea com as composições mais famosas de Erasmo e Roberto "Quero que tudo vá pro Inferno" entre elas mas os créditos só foram para o primeiro. A majestade sentiu, e a parceria teve um hiato de mais de um ano. Não por acaso, nesse período o Rei compôs "Querem Acabar Comigo". Mas isso é passado.
"Sobre o Roberto, tudo que eu falo todo mundo já sabe. É um amor que existe realmente, uma grande identificação, coisa de irmão sem ser de sangue. Eu amo o Roberto Carlos, e tenho certeza que ele me ama. Nesses 50 anos de carreira que ele está fazendo, eu desejo pra ele cada vez mais o sucesso, muita saúde e que ele continue sendo o grande cara que ele é. E claro, sempre meu amigo de fé, irmão camarada."