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Memória Afetiva de um Amor Esquecido: parafernália audiovisual e itinerância são características fortes do espetáculo | Dalton Valério
Memória Afetiva de um Amor Esquecido: parafernália audiovisual e itinerância são características fortes do espetáculo| Foto: Dalton Valério

Brilho eterno

Saiba um pouco mais sobre o espetáculo Memória Afetiva de um Amor Esquecido.

- A montagem teve duas indicações ao mais recente Prêmio Shell, nas categorias de direção (para Ivan Sugahara) e atriz (para Cristina Flores).

- Além de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, o grupo Os Dezequilibrados pesquisou os filmes e videoclipes de Spike Jonze, famoso por Quero Ser John Malkovich, além da filmografia de Charlie Kaufman (Natureza Quase Humana) e Michel Gondry (Ciência do Sono).

Serviço

Memória Afetiva de Um Amor EsquecidoQuando: Dias 25, 26, 27, 28 e 29 de março, às 21hQuanto: R$ 40. Estudantes e pessoas maiores de 60 anos pagam meia-entradaOnde: Memorial de Curitiba (R. Claudino dos Santos, s/nº – Centro)Veja o serviço completo no site Guias e roteiros RPC

A intenção da Cia. Os Dezequilibrados é atrair o público jovem de volta ao teatro, nas palavras de Ivan Sugahara, um de seus integrantes. Quase tudo o que o grupo carioca criado em 1996 faz vai nesse sentido.

Tome como exemplo Memória Afetiva de um Amor Esquecido. O espetáculo estreia amanhã no Festival de Curitiba, como parte da Mostra Contemporânea, e tem os dois pés fincados na cultura pop.

O ponto de partida da peça é o filme Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004), escrito por Charlie Kaufman e dirigido por Michel Gondry. Na história, Jim Carrey descobre que Kate Winslet se submeteu a um procedimento clínico em que apaga as memórias indesejáveis – no caso, todas aquelas relacionadas a Carrey. Sabendo disso, ele também quer pôr um fim no sofrimento que parece não ter fim desde que se separaram e procura o mesmo médico.

O enredo da peça é quase idêntico. Um homem procura a clínica Be Happy (no original, ela se chama Lacuna) para apagar as memórias de sua namorada, pois não aguenta a dor da separação.

Em conversa com a imprensa, Sagahara, diretor de Memória Afetiva de um Amor Esquecido – trabalho que lhe rendeu uma indicação ao mais recente Prêmio Shell –, disse que o grupo se dispôs a discutir o modo como as pessoas se relacionam umas com as outras e com a própria vida.

"É uma relação artificial, orientada por uma recusa de se lidar com a dor", explica. Para ele, esse pavor do sofrimento é evidente na banalização do parto cesáreo e dos remédios para combater tristeza, depressão, desânimo e melancolia. "Em vez de lidar com os problemas, algumas pessoas preferem tomar um comprimido", diz.

O medo de sofrer coloca um tipo de expectativa sobre as relações amorosas que elas não conseguem atender. Espera-se que o amor seja perfeito, sem percalços. Ao menor sinal de dificuldades, a opção é saltar fora (ou nem entrar) na relação. Numa outra perspectiva e ainda de acordo com Sagahara, hoje não se acredita no amor romântico. "O desafio é como lidar com o amor sem ter essa ilusão de eternidade", diz o diretor.

Além de usar um filme popular como ponto de partida, Os Dezequilibrados também buscam no cinema novas formas de linguagem teatral. Originalmente programado para acontecer no Espaço da RFFSA, a montagem teve de ser transferida para o Memorial de Curitiba. Duas de suas características mais fortes são a itinerância (o público é levado a caminhar para acompanhar a ação) e a parafernália audiovisual (televisores, câmeras, telas e projetores).

No Rio, a peça foi encenada em um prédio de oito andares. A influência do cinema aparece também nos pontos de vista oferecidos aos espectadores – nunca mais de 40 – que precisam se debruçar sobre um parapeito e olhar para baixo, ou procurar a ação atrás de si. O público é assim tirado de sua "tranquilidade".

Na trajetória dos Dezequilibrados, eles já se apresentaram em saguão de cinema, na sala de projeção, em boate, apartamento e casa. São espaços não-convencionais que revelam uma disposição em ir até o público-alvo das montagens.

"O jovem se divorciou do teatro por uma série de motivos. A gente quer o fácil e o teatro dá trabalho, você está mais implicado (nele). Cinema é fácil e tevê é muito mais", diz Sagahara. "Mas não existe certo e errado na arte. A tevê é boa para esquecer da vida, mas às vezes é bom ter algo que te provoque, que te faça enxergar as coisas de outro ângulo."

Serviço

Memória Afetiva de um Amor Esquecido. Memorial de Curitiba (R. Claudino Santos, 79 – São Francisco), (41) 3321-3263 e 3321-3313. De hoje até domingo, às 21 horas. Ingressos a R$ 40 e R$ 20.

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