Trechos do livro O Mundo Não É Chato, que compila textos ensaísticos escritos por Caetano Veloso ao longo dos anos.
"A burguesia não tem força moral para exigir nada dos jovens que a desprezam. Enquanto ela era sinceramente errada, sinceramente errados nasciam os seus filhos, agora ela é falsamente boazinha, os jovens não crêem nela nem em si mesmos." (1961).
"Eu mesmo sou contra tudo que penso. Portanto, ninguém tome ao pé da letra nada do que eu digo. Nem ao pé da letra, nem de nenhuma outra forma. Ou melhor: tome de qualquer jeito, que vem dar no mesmo." (1970).
"A música popular brasileira não se renova a cada semana. É verdade. Como o povo mesmo, ela é densa, complexa, custa a mudar. Nenhum avanço real é uma pequena mudança." (1970).
"O que talvez tenha dificultado tudo desde sempre é o fato de nunca antes ter havido no Brasil uma figura popular com tanta pinta de intelectual quanto eu. Não sou um mito nacional, na medida em que Pelé o é, na medida em que Roberto Carlos o é. Nem pretendo sê-lo." (1972).
"Gilberto Gil é um grande inventor que não registra patente." (1992)"Tropicalismo foi o apelido que ganhou o resultado de nossa ambição, em 67, de mudar a atitude em relação à estética, à política e ao mercado de música popular no Brasil." (1992)
"Amo os Estados Unidos. Apenas não exijo do Brasil menos do que levar mais longe muito do que se deu ali e, mais importante ainda, mudar o rumo de muitas linhas evolutivas." (1993).
"Amar a língua portuguesa é amar sua capacidade como instrumento universal; falar português é livrar-se da prisão do português." (1993).
"Freqüentemente vejo surpresa às vezes um estranho prazer no olhar de quem flagra evidência de racismo entre brasileiros. Mas o que me surpreende é que tais flagrantes possam provocar espanto tão cândido." (2000)
"Com esse prenome francês e esse sobrenome alemão, com esses cabelos alourados e esse tipo caucasiano, Gisele (Bündchen) é tão brasileira quanto Garrincha. Quem conseguir explicar isso terá explicado o Brasil." (2003)