"O código Da Vinci" abalou a fé na Igreja Católica e prejudicou enormemente a credibilidade dela, segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (16). Depois de ler o best-seller de Dan Brown, as pessoas ficaram duas vezes mais propensas a acreditar que Jesus Cristo teve filhos e quatro vezes mais propensas a ver na Opus Dei uma seita assassina.

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"Um número incrível de pessoas leva a sério essas afirmativas espúrias", disse Austin Ivereigh, secretária de imprensa do cardeal Cormac Murphy-O'Connor, principal prelado católico da Grã-Bretanha. "Nossa pesquisa mostra que, para muitas, muitas pessoas, 'O código Da Vinci' não é apenas um entretenimento", acrescentou Ivereigh.

O secretário chefia um grupo de monges, teólogos, freiras e membros da Opus Dei na Grã-Bretanha que encomendou uma pesquisa junto ao conhecido instituto Opinion Research Business (ORB). O objetivo é promover os ensinamentos católicos neste momento de grande polêmica envolvendo o filme baseado no livro.

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O ORB entrevistou mais de mil adultos na semana passada, tendo descoberto que 60%dos que leram o livro acreditavam que Jesus teve filhos com Maria Madalena - uma possibilidade levantada pelo texto de Brown. Entre os que não leram a obra, essa porcentagem era de apenas 30 por cento.

O grupo de Ivereigh exigiu que o filme "O código Da Vinci" (veja trailer), que estréia na quarta-feira em Cannes, fosse exibido acompanhado de um aviso.

A entidade, que não chegou a adotar o apelo do Vaticano pelo boicote do filme, acusou Brown de recorrer a uma prática desonesta de publicidade ao oferecer ficção como fato.

O romance, que já teve 40 milhões de cópias vendidas, também apresenta a Opus Dei como uma organização inescrupulosa cujos membros recorrem a assassinatos a fim de preservar os segredos da Igreja.

A pesquisa ainda chama atenção para a espantosa popularidade do livro de Brown - ele foi lido por mais de um em cada cinco adultos de todas as idades na Grã-Bretanha.

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Ivereigh reclamou que Brown e o estúdio Sony Pictures "encorajam as pessoas a encarar a obra seriamente, ao mesmo tempo em que se escondem sob a alegação de que tudo não passa da ficção".

"Nossas pesquisas mostram que eles deveriam ser responsabilizados por sua desonestidade e que deveriam fazer a obra vir acompanhada de um alerta."

Na pesquisa, os leitores foram questionados sobre se a Opus Dei já havia realizado assassinatos. Entre os leitores do livro, 17% afirmaram acreditar que sim, contra 4 por cento entre os não-leitores.

Jack Valero, porta-voz do grupo, afirmou ter ficado surpreso com o resultado.

"Desde sua fundação, em 1928, a Opus Dei promove os padrões morais mais elevados, divulgando a mensagem do amor e da compreensão de Cristo", disse.

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"Ainda assim, 'O código Da Vinci' convenceu centenas de milhares de pessoas de que temos sangue em nossas mãos."