A Morta: espetáculo da Cia. de Atores marcou Festival de Curitiba| Foto: Fotos: Divulgação
A montagem canadense Needles and Pins fez sucesso no então FTC
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Ainda palmilhando as regiões Sul e Sudeste, o Porto Alegre em Cena, conduzido pelo diretor Luciano Alabarse na maior parte das 17 edições, despontou como um grande festival internacional. "Os nomes que fizeram a história do teatro ao longo do século 20 passaram pelo festival, como Peter Brook, Ariane Mnouchkine, Bob Wilson, Patrice Chéareau, Pina Bausch e Eimuntas Nekrosius, além de grupos como o La Fura dels Baus", contabiliza Alabarse, que trouxe Les Éphémères, encenação minimalista do Theatre du Soleil, de Mnouchkine, Orestea, do grupo italiano Societas Raffaello Sanzio, La Douleur, na versão de Chéreau para o original de Marguerite Duras, O Grande Inquisidor, trecho do monumental Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, nas transposições de Peter Brook e Chéareu, Neva, da companhia Teatro en El Blanco, e Quartett, de Heiner Mul­­ler, na releitura de Bob Wilson, que deverá voltar à próxima edição do Porto Alegre em Cena com uma transposição de Dias Felizes, de Samuel Beckett.

"Quero trazer espetáculos como O Idiota, versão de Nekrosius para o original de Dostoievski, Os Náufragos da Louca Esperança, de Mnouchkine, e A Flauta Mágica, montagem de Peter Brook, diretor que já mostrou Le Costume em Porto Alegre, que estreará em no­­vembro e já ambiciono como atração do festival de 2011", planeja Alabarse. Para a edição de 2010, que ocorrerá entre os dias 8 e 27 de setembro, já estão certos concertos de Goran Bregovic, responsável pelas trilhas sonoras de filmes de Emir Kusturica, e de Uta Lemper, montagens uruguaias e encenações brasileiras, como In on It, Na solidão dos campos de algodão e a estreia de Ato de Comunhão, com Gilberto Gawronski, além de montagens de estados como Pernambuco e Rondônia. "Misturamos grandes nomes com profissionais ainda desconhecidos na mídia. Daniel Veronese estava começando sua carreira quando veio ao Brasil pela primeira vez", destaca Alabarse.

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Carioca

O Rio de Janeiro também tem tradição em festival de teatro. Basta evocar as gloriosas edições de 1996 e 1997 do Rio Cena Contemporânea, que, felizmente, retornou à programação da cidade em 2002, com trabalhos de Pippo Delbono, Daniel Veronese, do Forced Entertainment (Exquisite Pain), Gob Squad (Super Night Shot), Jan Lauwers e Needcompany (Isabella´s Room), Antonio Araujo (BR 3, na Baía de Guanabara), José Celso Martinez Corrêa (Os Sertões, épico monumental do Teatro Oficina) e mostras de países como Portugal e República Checa.

Na década de 90, a iniciativa foi conduzida por Fabio Ferreira, Ana Bernstein e Luiz André Cherubini. "O balão de ensaio do Rio Cena foi o evento Dezembro Contemporâneo, programado por Celina Sodré. Eu trouxe para o Rio artistas como Wim Vanderkeybus e Jan Fabre. Em relação aos artistas brasileiros foi marcante a apresentação de Bacantes, na visão de Zé Celso", relembra Fabio, que, na volta do riocenacontemporanea (grafado dessa forma), se uniu a Bia Junqueira, Cesar Augusto, Isabel Lito e Marcia Dias. "Na década de 90 havia um abismo maior entre a produção teatral do Rio de Janeiro e encenações menos convencionais", opina.

No segundo ato do riocena, Fabio passou a se dedicar a subprojetos. "Em 2004 criei a Mostra Universitária para valorizar uma produção que não era muito vista", sublinha. A utilização da cidade como suporte sempre esteve em destaque. "O Rio é uma cidade difícil estrategicamente. É quase uma guerrilha", observa Fabio, que, com a dissolução da sociedade, viabilizou a vinda de montagens como Warum Warum, de Peter Brook, com Miriam Goldshmidt. Em outubro, trará novos espetáculos.

Cesar Augusto, Bia Junqueira e Marcia Dias criaram, em 2009, o Tempo Festival. "Fragmentamos a palavra riocenacontemporanea em três módulos: Cena, Conte e Tempo. Conte diz respeito a palestras e debates, Tempo, a relações temporais nas artes cênicas, e Cena, a programação propriamente dita. Mas percebemos que na palavra Tempo já estava contida uma gama de significados suficientes para abarcar o festival", explica Cesar Augusto.

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Na primeira parte do Tempo Festival, os curadores destacaram registros de encenações emblemáticas de Antunes Filho junto ao Centro de Pesquisa Teatral (CPT). A segunda parte ocorrerá no final de maio e contará com Dulce, resultado da residência artística entre dois artistas brasileiros e dois portugueses, uma mostra de espetáculos chilenos e o já citado Neva. Contudo, o impulso será dado a partir de abril, com as apresentações de O Outro, do Coletivo Improviso.