A traição, depois de consumada, é descoberta pela empregada, Juliana (Glória Pires), que passa a chantagear a patroa. Com isto, Luísa vira empregada de sua empregada, que se recusa a fazer os trabalhos domésticos se não receber a quantia exigida de sua chantagem. Refém de sua serviçal, a relação entre Luísa e Juliana, insustentável, vai se invertendo cada vez mais, anunciando um trágico desfecho.
Alguns aspectos do filme poderão irritar os mais exigentes, como as interpretações fora do tom (para não dizer muito ruins) de Simone Spoladore e Gianecchini. Há boas participações de Guilherme Fontes e Zezeh Barbosa, além da grande Laura Cardoso fazendo uma ponta. Glória Pires, cuja prótese dentária e maquiagem quase a tornam uma criatura comicamente híbrida (algo entre Don Corleone, o poderoso chefão, e Quasímodo, o corcunda de Notre Dame), está muito bem no papel. Em algumas cenas iniciais, entretanto, ela passa a impressão de estar segurando o riso. Se sua personagem fosse menos estereotipada - e a de Spoladore também - ganhariam todos: atrizes, personagens, filme e público.
"Primo Basílio" é um exemplar alongado de "A vida como ela é" misturado com "SexyTime", programa erótico de um canal de TV a cabo. Inerentes à história que se quer contar, sexo e nudez estão representados em cenas com algum excesso e muitos clichês televisivos, como o mesmo morango mordido pelos amantes, o champanhe sorvido de boca a boca e o close na mulher em zoom in quando ela recebe sexo oral de seu parceiro. A fotografia, a direção de arte e os figurinos são os destaques. Entretanto, a trilha sonora de Guto Graça Mello é, mais uma vez, comprometedora. Mas, pelo menos, talvez por ser um filme de época, desta vez não há a "clássica" cena na qual os personagens cantam e dançam ao som das Frenéticas. E isto já é muito, em se tratando de uma obra de Daniel Filho.
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