Na madrugada de domingo (19), a escola de samba Gaviões da Fiel apresenta a saga do menino pobre que veio em um pau de arara para São Paulo, onde trilhou o caminho rumo ao Palácio do Planalto. A imagem carnavalesca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixa para trás seus defeitos e contradições para ressurgir na figura do mito popular, com base nas narrativas de cordel. É um dos destaques em uma noite de desfiles que ainda terá de Jorge Amado a Tropicália.
O homem que ajudou na articulação para construir o estádio corintiano em Itaquera surge no sambódromo como um São Jorge do Agreste, que derrota a ditadura (apesar de seu aparecimento político ter ocorrido em 1978, mais de 14 anos depois do golpe militar), estabiliza a moeda (apesar de o real ter sido criado no governo de Fernando Henrique Cardoso), consolida a liberdade de imprensa (apesar de seu governo ter proposto uma polêmica regulamentação da mídia), acaba com a fome e leva educação ao povo.
Para tentar contar com a presença do ex-presidente no quinto carro alegórico da escola, que representa a festeira nação corintiana, foi criada uma estrutura de acrílico para evitar que ele pegue chuva. Mas a ida de Lula ao sambódromo foi completamente desautorizada pelos médicos - ontem, ele deixou o Hospital Sírio Libanês dez quilos mais magro.
Mesmo assim, dez entre dez gaviões acreditam que Lula desobedecerá aos doutores. O título do enredo, afinal, é Verás que o filho fiel não foge à luta - Lula, o retrato de uma nação. "Pode apostar que ele não perde essa homenagem. O carinho do povo no carnaval vai ser um remédio muito mais potente do que qualquer outro que a medicina já inventou", diz o vereador Antonio Goulart (PSD), participante de todos os desfiles da Gaviões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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