Solano e Thiré vivem causos inspirados na vida real – e virtual – no espetáculo Selfie.| Foto: Vitor Zorzal/Divulgação

Pode soar pejorativo dizer que um espetáculo traz uma “mensagem”, mas um dos motivadores por trás de Selfie é exatamente isso: dar um recado para você, ao vivo, sem mediações. “O público vai em busca de comédia e sai do teatro com uma reflexão”, contou à Gazeta do Povo o diretor e também ator Marcos Caruso.

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Estão em cena Mateus Solano e Miguel Thiré, com texto de Daniela Ocampo pensado para provocar questionamento sobre os excessos trazidos pelo uso de dispositivos eletrônicos portáteis.

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A ideia partiu do produtor Carlos Grun e da dupla de atores, que convidou Caruso para a direção – ele brinca com o fato de ter aceitado uma situação inusitada: dirigir uma peça cujo texto ainda não existia. “Topei na hora, porque combinamos que todos palpitariam”, conta.

“Nômades” reflete sobre emoções em torno do luto

“Nada se move menos que um nômade.” A frase contraditória do filósofo Gilles Deleuze foi um dos disparadores na criação do espetáculo que traz Andréa Beltrão, Malu Galli e Mariana Lima ao Guairão neste Festival de Teatro. Nômades, com direção de Marcio Abreu (da Companhia Brasileira de Teatro, sediada em Curitiba), apresenta três amigas no processo

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Durante três meses, o grupo maturou o plano por meio de improvisações e da construção de personagens. O resultado ficou semelhante a um show de humor – mas com uma “função” para além de distrair. Em tempo: Daniela é roteirista do programa Tá no Ar: a TV na TV, da Rede Globo, e dirigiu comédias bem recebidas pelo público carioca.

O protagonista é Claudio (Solano), rapaz que leva tão a sério a hiperconexão atual que decide criar um dispositivo único para reunir todos os seus dados.

O problema é que ele derruba café nessa panaceia eletrônica e perde tudo que estava armazenado, descobrindo em seguida não ter mais memória alguma, já que nunca mais havia precisado registrar nada no próprio cérebro.

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Selfie

Teatro Positivo, (41) 3317-3283. Dia 4 de abril às 21h e 5 às 19h. R$ 70 e R$ 35 (meia). 14 anos.

Para reconstituir a vida, ele chama à cena 11 personagens (todos feitos por Thiré), e juntos eles dão corpo a causos cômicos.

Como cenário, quase nada: dois banquinhos. Os eventos que os dois atores relembram foram inspirados na vida real. “A Dani tem um profundo conhecimento do mundo da conectividade”, elogia Caruso.

Para ele, a hiperconexão, que já gerou ficções interessantes como o filme Ela e a novela Geração Brasil, pode levar a um lugar de exceção em que se perde o humano: deixa-se de lado a troca de sentimentos e até mesmo o hábito de ouvir o outro.

“O humor tem uma função. Nesse caso, com uma dose imensa de reflexão.”

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