Série de escândalos ameaça carreira de musas dos jovens

Durante anos, a indústria americana do entretenimento foi alvo de críticas de feministas. Segundo elas, o showbusiness deveria dar mais espaço para o sexo feminino. Recentemente, um grupo de mulheres jovens passou a monopolizar a atenção da mídia dos EUA. Mas não do jeito que as feministas sonhavam. Compreensível, já que o grupo em questão vem chamando atenção não pelas suas virtudes, e sim pela falta delas.

Para o espanto de milhões de fãs, algumas dessas bad girls até recentemente posavam de queridinhas da América. É o caso de Vanessa Hudgens, a Gabriella de "High School Musical". Adorada por crianças e adolescentes, a atriz foi parar na capa dos tablóides semana passada depois que fotos sensuais suas (ela está nua numa delas) vazaram para a internet. A repercussão estrondosa obrigou Vanessa, de 18 anos, a pedir desculpas aos fãs e ao estúdio Disney, de "High School Musical", que ameaçou romper seu contrato. As fotos seriam um "presente" para um ex-namorado.

Considerada durante anos a princesa do pop, Britney Spears é atualmente a rainha das publicações de fofoca. Nos últimos tempos, ela protagonizou uma série de escândalos. Entre os ingredientes deles estão um divórcio turbulento, o excesso de álcool, surtos com direito a máquina zero nos cabelos e noitadas sem calcinha ao lado de Paris Hilton, que foi parar na prisão este ano por violar a proibição de dirigir - ela já fora flagrada bêbada ao volante.

A última polêmica (até o fechamento desta edição, pelo menos) envolvendo o nome da cantora foi sua criticada apresentação na premiação do Video Music Awards, da MTV americana, quando mal conseguiu executar uma coreografia e não disfarçou o playback. Há quem diga que a carreira de Britney acabou. De acordo com uma reportagem recente do jornal "The New York Times", no entanto, sua nova música, "Gimme more", já é um hit nas rádios dos EUA.Recém-saída de uma das várias clínicas de reabilitação onde se internou, Lindsay Lohan, de "Meninas malvadas", já foi detida pela polícia diversas vezes por direção perigosa e porte de drogas. Lindsay já foi apontada como a nova Julia Roberts pela crítica.

Sucesso no mundo inteiro depois do sucesso radiofônico "Smile", a cantora inglesa Lily Allen foi flagrada recentemente sendo carregada dentro de uma sacola (!) por amigas na porta de uma boate londrina. Visivelmente bêbada, foi aconselhada a deixar a premiação de uma revista ao interromper, aos gritos, um discurso da Madonna, no início do mês.

Celebridades envolvidas em escândalos não são novidade nos EUA. No passado, no entanto, boa parte dos atores e músicos exageravam no álcool, nas drogas e nas festas buscando transgredir os valores vigentes. Isso mudou, acredita Leonel Aguiar, professor do departamento de comunicação da PUC do Rio de Janeiro. Para ele, as atitudes chocantes de Paris Hilton, Britney e Lindsay não teriam um propósito prático.

- A transgressão perdeu a força que já teve em outros tempos, assim como a função de combater costumes sociais conservadores. O que vemos no comportamento destas meninas é a transgressão por si só, que não pretende afirmar nada de novo nem trazer nenhuma transformação social - afirma Aguiar. - Seja essa transformação cultural ou mesmo de comportamento, como já foi visto em outras épocas, como na década de 60, por exemplo.

Até recentemente, muitos desses escândalos eram abafados pela influência dos executivos dos grandes estúdios. Fotos comprometedoras acabavam não sendo publicadas. Com a popularização das câmeras digitais e dos celulares que fotografam, porém, isso mudou. Flagrantes clicados por pessoas comuns vão parar na internet segundos depois de serem feitos.

Para a jornalista Ana Maria Bahiana, que cobre há anos os bastidores de Hollywood, esse tipo de comportamento pode arruinar carreiras.

- No caso de pessoas como Paris Hilton, famosa só por ser famosa, o máximo de risco que se corre é o de a superexposição levar ao cansaço. Elas podem ser banidas até aparecer a próxima personagem bizarra. Para quem tem algo mais, como é o caso da Lindsay Lohan e da (cantora inglesa) Amy Winehouse, as conseqüências, em geral, são mais graves, e podem levar, sim, ao fim da carreira.