O oboísta Ricardo Rodrigues é a próxima atração da Série Solo Música nesta terça-feira (11), às 20 horas, no Teatro da Caixa. O músico fluminense radicado na Alemanha é especialista em música contemporânea e montou um programa totalmente baseado em obras de compositores brasileiros nascidos no século 20 – duas delas encomendadas para a série.
Ele lembra que o recital solo não é comum para o oboé, e que o repertório brasileiro específico para este formato é limitado. Mas conta ter conseguido escolher peças significativas para a apresentação.
O músico vai tocar uma obra de Jocy de Oliveira, que é natural da capital paranaense (embora tenha se mudado para o Rio de Janeiro ainda criança); uma composição de Claudio Santoro, que teve uma atuação importante em Brasília, onde a apresentação será repetida no dia 17; e uma peça para oboé e sons eletrônicos do compositor Augusto Valente chamada “Orfeu” que Rodrigues relaciona com a temática das mudanças climáticas.
Além do repertório já existente, o oboísta vai estrear as inéditas “Solilóquio V”, do compositor mineiro radicado em Curitiba Harry Crowl; e “Rituel Hautbec#”, do compositor Jorge Antunes, que é considerado um dos precursores da música eletrônica no Brasil. As peças foram compostas especialmente para a Série Solo Música, idealizada e organizada pelo produtor Alvaro Collaço há sete edições.
“Esse projeto possibilita tanto o aspecto da apresentação do instrumento quanto a contribuição para o repertório do instrumento na música brasileira, o que cria um valor muito grande”, diz Rodrigues, em entrevista para a Gazeta do Povo. Jorge Antunes complementa dizendo que a música brasileira está carente deste tipo de ação. “Isso abre um precedente exemplar.”
Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Dia 11, às 20 horas. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). A bilheteria do teatro abre ao meio-dia. Sujeito à lotação. Mais informações no Guia.
O oboísta explica que as duas obras exploram o instrumento de forma diferente, mas nenhuma prioriza seus recursos técnicos. “Não foi a preocupação escrever algo para mostrar coisas que nunca foram feitas no oboé, produzir novos efeitos, novos sons, como multifônicos, barulhos de chaves e coisas assim. Isso é uma coisa boa”, diz Rodrigues, que defende que o compositor contemporâneo deve apresentar ideias musicais que possam ser entendidas pelo público.
“O mundo da música contemporânea é o mesmo mundo da música de qualquer outra épocas no que se refere ao objetivo da música”, diz. “O público não pode ficar achando que é uma coisa louca e não entender nada do que se está fazendo. Quando caminha para este lado, não é uma boa direção.”