Poucos artistas são capazes de recriar o ritmo, o som e a energia do soul e do funk dos anos 1960 como Sharon Jones & The Dap-Kings, que se apresentam no Guairão neste sábado (23).
Não é à toa que a banda que acompanha a cantora norte-americana, considerada uma intérprete à altura dos maiores do gênero, emprestou sua mágica aos mais bem-sucedidos revivals do soul nos últimos anos – incluindo o famoso Back to Black, último e definitivo álbum de Amy Winehouse (1983-2011).
Cantora demorou a ser descoberta
Sharon Jones nasceu em Augusta, na Geórgia, mas cresceu em Nova York. Ela conta que aprendeu a cantar sozinha
Leia a matéria completaCria de uma gravadora independente dedicada a reproduzir fielmente a sonoridade do gênero dos anos 1960, o grupo lançou seu primeiro álbum em 2002 e logo passou a ser considerado o mais autêntico neste estilo.
Eles vêm ao Brasil com um repertório baseado em seu disco mais recente, Give The People What They Want, lançado de forma independente em 2014. Assim como os anteriores – 100 Days, 100 Nights (2007) e I Learned The Hard Way (2010), também presentes no show –, o sexto álbum do grupo é marcado por grooves poderosos, arranjos de sopro, timbres e sonoridade “vintage” (o estúdio da gravadora não usa nada que soe mais novo que 79).
O que chamam de soul music e R&B, hoje, na verdade é pop. Acho que o soul é o que nós fazemos. E nos mantemos fiéis a isso.
O trabalho foi indicado a “Melhor Álbum de R&B” no Grammy 2015, em fevereiro. O troféu, no entanto, acabou ficando com Babyface e Toni Braxton. “O que eles chamam de soul music e R&B, hoje, na verdade é pop”, diz a cantora, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. “Acho que o soul é o que nós fazemos. E nos mantemos fiéis a isso.”
Programe-se
Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro), (41) 3304-7982. Dia 23, às 22 horas (abertura com a Big Time Orchestra, às 21 horas. Assinantes da Gazeta do Povo têm desconto de 30% na compra de até dois ingressos (titular e um acompanhante). Os ingressos custam a partir de R$ 246 e R$ 126 ( meia-entrada) e estão à venda pelo serviço Disk Ingressos. Mais informações no Guia.
O papel de trincheira do soul e funk verdadeiros continua sendo uma das marcas da carreira da banda, apesar da presença frequente de seus membros em trabalhos de grande porte e do status de “rainha do soul” de Sharon.
Para a cantora, não há muito espaço nos Estados Unidos para um trabalho sem o suporte de grandes gravadoras, como é o caso de seu grupo – às vezes, ela conta, eles são mais reconhecidos na Europa que em seu próprio país.
O Grammy, que costuma dar vários prêmios a um pequeno número de artistas todos os anos – alguns cujas carreiras mal começaram –, seria um exemplo disso.
“Só quando ouvirem nossas músicas dez, vinte vezes por dia, é que vão nos reconhecer”, diz a cantora. “É assim que eles fazem as coisas por aqui.”
Sharon reconhece, no entanto, que embora o grupo não tenha vivido nenhum grande salto de popularidade, o trabalho tem uma base sólida no país. Sharon e os Dap-Kings têm fãs fieis, mantêm um desempenho geralmente bom nas vendas de álbuns e dos compactos que lança aos montes, contam com recepção sempre muito elogiosa da crítica, fazem participações eventuais em talk shows famosos e dividem palcos e projetos com artistas importantes como Prince, Beck e David Byrne & St. Vincent.
Em uma posição de referência, o que Sharon acredita que é preciso para fazer soul e funk de verdade? “É preciso cantar com o coração. Cantar com a alma”, explica Sharon, que há menos de dois anos usou a música como motivação para derrotar um câncer no pâncreas (os videoclipes de “Retreat” e “Stranger To My Happiness” fazem referência a isso).
“Para mim, canções são histórias”, explica. “Quando eu subo no palco, quero contar uma história, quero me conectar com o público. Quero que ele se sinta parte da banda no palco, que sinta o que eu estou sentido.”
O show tem abertura da banda curitibana Big Time Orchestra.
Confira algumas músicas de Sharon Jones & the Dap-Kings:
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