Vander precisou chorar entre um número e outro. Scheila se surpreendeu ao perceber que tudo que tinha feito na vida até ali havia contribuído para o novo desafio. Kaline e Ana Luisa vieram de outra cidade. Luiza foi descoberta porque subiu uma escada.
As histórias felizes se multiplicam numa rapidez impressionante quando se conversa com os alunos do Projeto Broadway, criado há seis meses em Curitiba e que realizou sua primeira apresentação de talentos no último domingo (28). Em julho haverá mais duas audições para entrada de novos integrantes (veja no serviço).
Alunos ensaiam com canções emblemáticas de musicais americanos
Impressiona nos ensaios do Projeto Broadway a seriedade dos alunos, que, entre “1, 2, 3, gira, ergue mãos de jazz” não têm muito tempo para estrelismo de estudante.
Leia a matéria completaA identificação com os musicais demorou na vida do pianista e cantor Ricardo Bührer, mas quando ele abraçou essa paixão acabou atraindo para si dezenas de adolescentes e jovens. Hoje seu negócio é investir na formação de artistas de musical e, futuramente, na produção de espetáculos profissionais.
Ana Luisa Preto, 22 anos
Cursou Artes Cênicas, mas fazia Direito quando pensou em participar de uma audição em São Paulo, “só para ver”. Acabou ganhando bolsa para um mês no New York Film Academy e depois veio para Curitiba.
O curso dura três anos, em módulos semestrais. “O performer de musical precisa de três cérebros, para o canto, a dança e a atuação. Então queremos ensinar tudo isso de forma integrada”, explica. As aulas acontecem num espaço do Centro, com um palquinho, piso apropriado ao sapateado e parede de espelho. O sonho, porém, é ter uma sede maior.
Luiza Germano, 21 anos
Levou a irmã fazer aulas de piano e escutou no andar de cima alguém tendo aulas de canto. Subiu e disse “também quero aprender a cantar”. O instrutor questionou, “ok, qual seu interesse?” “Musicais.” Fechou. Quando cantou um trecho da “Pequena Sereia”, foi como descobrir um talento pronto a lapidar.
Os primeiros seis meses trouxeram aos alunos noções da história dos musicais entre os anos 1920 e 1940, além de muita prática nas três áreas que formam esse tipo de show e na montagem de números de musicais famosos. A ideia é prover uma grade tão completa quanto possível, ensinando os atuais 35 alunos a cantar solo e em coro (chamado de ensemble no musical, porque envolve atuação e dança).
Vander Feliphe, 16 anos
Integrante do grupo adolescente de alunos, ele canta em corais desde os 9 anos, quando decidiu que queria isso da vida. A família ouve MPB e canto lírico, o que o influenciou. Canta trechos solo em “Spring Awakening”.
Entre os professores, há especialistas nas três áreas. Giovana Póvoas ensina dança e teatro – e pega pesado na marcação do tempo nas aulas práticas. “Quero que eles saiam profissionais, e mesmo que vão para o mercado de Rio e São Paulo, que nos representem bem”, conta a artista, que é filha de Daniela Mercury.
“Glee”
Júnior Victor, 18 anos
Ele já seguiu várias oficinas e cursos de teatro musicado, ramo que o encanta desde que assistiu ao filme “O Rei Leão”. O canto coral e a ginástica olímpica vieram contribuir em sua formação de artista.
É difícil não comparar o clima dos alunos quando estão ensaiando ao seriado “Glee” – aquele dos estudantes que treinam para musicais, numa atmosfera um pouco “sufocante” de amizades e conflitos. O projeto curitibano, à primeira vista, revela amizades que estão se construindo em meio ao aprendizado artístico num clima quase mágico.
Dia 18 de julho, das 10h às 19h. Rua Alfredo Bufren, 161. Inscrições: projetobroadway@gmail.com. Preço mensal: R$ 490.
“É algo que me deixa muito feliz”, diz Kaline Glyas, de 31 anos. Ela vem de Ponta Grossa para as aulas todo sábado. Começou cantando no coro de sua cidade e hoje nutre o sonho de atuar profissionalmente em musicais.
Essa é a ambição de muitos que estão se preparando aqui em Curitiba. É inegável que o grande atrativo está no eixo Rio-São Paulo, que representa hoje o terceiro maior mercado do mundo para musicais, atrás apenas da Broadway nova-iorquina e do West End londrino.
Porém, a própria falta de profissionais na cidade faz imaginar que possa haver um mercado em potencial por aqui, e Bührer pretende explorá-lo da melhor forma com os talentos que está treinando.
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