O fato de esta peça ter direção e adaptação de Jô Soares faz pensar numa sátira rasgada de época, como “O Xangô de Baker Street”. Mas “Três Dias de Chuva”, que tem sessões no Teatro Fernanda Montenegro de sexta-feira (8) a domingo, está mais para um drama familiar, ainda que com rasgos de humor.
No elenco, Carolina Ferraz, Otávio Martins e Fernando Pavão se desdobram entre duas épocas, vivendo primeiro os filhos e depois os pais da mesma família e os conflitos próprios de cada período.
O dramaturgo norte-americano que assina o texto, finalista de dois Prêmios Pulitzer, Richard Greenberg, tinha também formação de arquiteto. E ele usa seus conhecimentos nessa peça, em que a ambientação, de acordo com Otávio Martins, é um “quarto personagem”.
“O cenário é uma metáfora bonita sobre a passagem do tempo”, diz. A cena começa na Nova York de 1995, quando a casa em que a ação se situa está caindo aos pedaços.
Teatro Fernanda Montenegro – Shopping Novo Batel (R. Cel. Dulcídio, 517), (41) 3224-4986. Dias 8 e 9 às 21h e 10 às 19h. R$ 80 e R$ 40. Duração: 95 minutos. Classificação indicativa: 14 anos. Mais informações no Guia.
No segundo ato, vemos o mesmo local, só que novo em folha – e as questões arquitetônicas terão grande importância na trama.
A mesma trama já foi vivida na Inglaterra por Colin Firth e James McAvoy, e na Broadway por Julia Roberts e Bradley Cooper.
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O enredo de “Três dias de chuva” chega a confundir, pelo fato de envolver suas épocas diferentes?
Não, as pessoas entendem. Mas a peça tem profundidade, trata de um tema sério porque fala de família. Tem também muito humor, o público dá muita risada. Mas a história fica clara. Começa com dois irmãos e um amigo. No segundo ato, passa para 35 anos antes e conta como a história começou. Fica bem claro.
Você faz duas personagens. Elas são muito diferentes?
Eu faço mãe e filha – todos na peça representam pais e filhos. As duas têm personalidades bem diferentes, mas com muitas semelhanças, como é normal nas famílias.
Qual é o conflito da peça?
Primeiro o interno, que, em cada ato da peça, é diferente. Os personagens resgatam a imagem que se tem do pai. Você sempre imagina que seus pais são de determinada maneira, passa a vida inteira em conflito com essa imagem, se indispondo com ela, e depois... não era bem assim. Na peça, acaba o primeiro ato e então você conhece os pais e vê que não são nada do que os filhos imaginavam. E a diferença entre o real e o imaginário revela por que é tão difícil se relacionar.
Você estará em “Haja Coração”, novela das 19 horas da Rede Globo que estreia em maio. Que outros projetos tem para este ano?
Vou estrear um longa-metragem no segundo semestre, “A Glória e a Graça”. Meu personagem é um travesti. Tenho há nove anos esse projeto, com roteiro do jovem Mikael de Albuquerque. O que atraiu é a linda história de amor, que fala de família, é coisa bem interessante.
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