O diretor Domingos de Oliveira encarou de frente um desafio – e um pesadelo – para encenar “Doppelgänger, o mito do duplo”, em cartaz no Teatro José Maria Santos até domingo (confira as informações no Guia).
Apesar de o autor ser fã de Edgar Allan Poe, o resultado não recai no humor negro, conforme contou à Gazeta do Povo.
Tudo começou com um sonho que ele teve, quando se viu num longo corredor em que alguém o espreitava, e, ao se aproximar, deu de cara consigo mesmo. Veio-lhe então em mente o mito de que todo mundo tem um “gêmeo” ruim, ou um “lado” mau.
Oficina
Quem interpreta a trama são Priscilla Rozenbaum, Ricardo Kosovski e André Mattos, do grupo O Tablado. Eles promovem no sábado (12) uma oficina gratuita de improvisação e práticas teatrais (inscrições pelo e-mail vanessa@parnaxx.com.br).
“Cada pessoa teria um outro igual, mas que traz consigo a morte e a destruição, como diz uma velha lenda, que tem versões inexplicavelmente em várias partes do mundo”, escreveu Domingos, por e-mail.
Na peça, a lenda é transformada em narrativa ao sabor da psicanálise. Um casal de atores, Julia e Julio, habita um cenário formado por um sofá e uma poltrona. O terceiro elemento é Marco Aurélio, apaixonado por Julia e psicanalista de Julio, a quem ajuda a tratar um fato crucial: Julio tem um duplo, de carne e osso. Até o espectador terá dificuldade em saber qual está em cena.
Para Domingos, são muitas as discussões permitidas, desde a vaidade de Narciso até o medo de se autodestruir. “Cada um de nós é na verdade dois. Aquele que ama e o outro que odeia. O sábio que comete ignorâncias, o valente dominado pelo medo. Dois no mínimo. E este se subdivide em dezenas de personalidades, cada uma mantendo um domínio de nós quando menos esperamos.”
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