Andrew Knoll (à direita) faz o clown e Rogério Soares, um ingênuo na pela “Palhaços”, em cartaz no Teatro Regina Vogue.| Foto: David D’Visant/Divulgação

É notável a frequência com que o palhaço é usado para simbolizar o oposto do riso, refletindo a melancolia da busca insatisfeita pela felicidade. É nesse clima que “Palhaços” estreia nesta sexta-feira (10), no Teatro Regina Vogue.

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O projeto já tem década e meia, quando a diretora Mariana Zanette (a Ana Argento do filme e da peça “Morgue Story”) encenou na faculdade um texto do cientista social paulista Timochenco Wehbi. “Eu gostei porque fala de circo, mas, mais que isso, faz uma reflexão sobre ser palhaço na sociedade, sobre ser manipulado”, explica.

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Num cenário que remete a uma apresentação circense, o tema geral tem a ver com as decisões que tomamos na vida. De forma mais específica, a peça aborda a ilusão que se nutre de que artistas sejam pessoas mais felizes.

Essa é a crença do vendedor Benvindo, fã do palhaço Careta, que está em sua cidade se apresentando. Ele o visita no camarim após o show e ali os dois têm uma longa conversa, que poderá lembrar um jogo, um psicodrama. Em sua fala, o balconista revela ingenuidade.

“As pessoas fantasiam a vida de artista, imaginam que fugir com o circo seja uma fuga dos problemas”, conta Mariana. “O resultado é engraçado, mas a questão é colocar pontos de interrogação na plateia.”

“Palhaços”

Teatro Regina Vogue – Shopping Estação (Av. Sete de Setembro, 2.775), (41) 2101-8293. Dias 10 e 11, às 21h; e 12, às 19h. R$20, R$15 (com flyer) e R$10 (meia). Segunda temporada de 22 de julho a 2 de agosto, no Teatro José Maria Santos.

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O ator Andrew Knoll faz o palhaço Careta. Ele, como Mariana, fez carreira com a companhia Vigor Mortis, mas não tem nada de palhaço. “Isso foi interessante, porque ele trouxe uma vitalidade que outros diretores não tinham descoberto”, diz Mariana. O palhaço que ele encarna é uma espécie de coringa, um arquétipo dessa figura tão rica que é o clown.

Benvindo é interpretado pelo parnanguara Rogério Soares, descrito como um “apaixonado”. Também estão em cena um elenco circense e dois músicos que executam a trilha original ao vivo. A presença deles tem função dramatúrgica, já que eles assumem o papel de fantasmas que encaminham as cenas.

Em família

É interessante observar a ficha técnica, dominada pelo sobrenome Zanette. A família de artistas inclui a irmã Marcela, nas flautas, sax e percussão, a mãe costureira e o marido cenógrafo, Aorelio Domingues.