Apesar de não ser nomeada no espetáculo, a atriz norte-americana Stella Adler (1901-1992) inspira a atmosfera de “A Volta”. Sua personalidade dominadora, explosiva e a verborragia foram ingredientes para a criação da personagem Palestrante.
O trabalho estreou em 2014 e volta com atuações de Rosana Stavis e Sílvia Monteiro, além de Paulo Alves, autor do texto, a partir desta sexta-feira (17), no espaço Sesi Heitor Stokler. A plateia ganha ainda um tour pela casa mimosa de 120 anos, situada no Centro.
A ideia de colocar em cena uma pessoa que fala sobre qualquer assunto, sem ser especialista em nenhum deles, partiu de relatos sobre as falas frequentes que Stella pronunciava em universidades. Apesar de ser especialista em um tema, a arte da interpretação, ela se aventurava em discursar sobre muitas outras coisas.
Trazida para nossos dias, a personagem Palestrante diz muito sobre o clima beligerante das redes sociais, onde muita gente se arrisca a dar opinião sobre os mais diversos temas e, o que é pior, com agressividade.
Sesi Heitor Stockler de Franca (Av. Marechal Floriano Peixoto, 458), (41) 3322-2111. 6ª e sáb. às 20h e dom. às 19h. Até 2/8. R$ 20 e R$ 10 (meia). 14 anos. Mais informações no Guia.
No palco, as duas atrizes se alternam e se aliam em pronunciamentos sobre o amor, o afeto, a felicidade, e questionam, como Pilatos: afinal, o que é a verdade? O trio define sua criatura com muitos adjetivos, entre eles “víbora” e “entediada”.
Mesmo num palco bastante apertado, há momentos cenicamente interessantes, como a ação conjunta das atrizes simulando grampear as próprias bocas e a abertura de uma janela de surpresa.
O texto traz também conteúdos de Nietzsche e Clement Greenberg, crítico de arte que foi um dos primeiros a aclamar Jackson Pollock, mas caiu no ostracismo ao rejeitar os pós-modernos. Como Stella, ele também se tornou um requisitado palestrante.
Afinal, “falar serve mesmo para preencher o vazio da vida”, teria dito a atriz.
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