O teatro autoral para crianças tem diversificado suas fontes em Curitiba e apresenta uma variedade muito benéfica para o entretenimento e repertório das plateias mirins.
Peças da Cia. do Abração são publicadas
“Abração – 14 anos de História(s)” traz o texto completo de oito de suas criações
Leia a matéria completaA tradicional fonte literária continua rendendo bons encontros, como faz a Companhia do Abração desde que transformou os “Sonhos de uma Noite de Verão” de Shakespeare em teatro de objetos. Em cartaz, com última apresentação neste domingo (18), no Portão Cultural, “Kartas de uma Boneca Viajante” parte de uma lenda em torno do escritor Franz Kafka. Em seu livro “Kafka e a Boneca Viajante”, o espanhol Jordi Sierra i Fabra conta a história de uma garotinha que o poeta tcheco teria encontrado chorando. Ao saber que o motivo era o sumiço de sua boneca, Kafka teria contado à menina que a amiga de pano estava viajando – e passado a escrever cartas endereçadas à criança como se fossem dela. Um consolo direto da pena do autor de “Metamorfose”.
A ideia de transformação entre o começo e o fim [do espetáculo] é bem afeita à infância.
Nas mãos do Abração, essa inspiração rende uma brincadeira cênica que utiliza como técnica as sombras, o trabalho de atores e composições musicais próprias (de Karla Izidro) acompanhadas por coreografias. Enquanto isso, a cenografia passa por rápidas modificações. “A visão que eu tenho hoje da infância é de esperança”, contou à reportagem a diretora Letícia Guimarães. Por isso o espetáculo fala sobre crescer, mas sempre com a possibilidade de voltar a esse estado mais ingênuo da vida em que enxergamos possibilidades novas com o coração mais aberto.”
Espaço do Grupo Obragem (41) 3077-0293. Com Olga Nenevê. Dias 24 e 25 às 10h e 15h. Entrada franca.
Portão Cultural (Av. República Argentina, 3430 – Portão). Com a Cia. do Abração. Dia 18 às 15h. Entrada franca.
Sala Londrina – Memorial de Curitiba (Lgo. da Ordem), (41) 3322-1525. Com Neto Machado. Dias 18 e 25 às 13h. Entrada franca. Agendamento para escolas durante a semana:
netomachado@gmail.com.
Uma opção inscrita em outra linguagem, em cartaz dias 24 e 25 no Espaço Obragem, é “A Galinha Pim-Pim”. Em cena está apenas a atriz e dramaturga Olga Nenevê, que interage com projeções de desenhos e uma narrativa em áudio. Usando sons e imagens, a ideia é que crianças mesmo bem pequenas abram o imaginário.
Na trama, a galinha é, como sempre, muito medrosa. Mas quando uma raposa rouba seu ovo, ela precisa superar os medos um a um até recuperá-lo – ao voltar ao galinheiro, uma surpresa. “Existe também a ideia de transformação entre o começo e o fim, bem afeita à infância”, explica Olga.
Como visto, teatro para criança não é tudo igual, e as técnicas variam muito. A peça do coreógrafo Neto Machado, “Kodak”, em cartaz neste dia 18 e ainda dia 25 no Memorial de Curitiba, parte de uma pesquisa sobre o stop-motion, que envolve a ilusão de movimento em vídeo a partir de fotos. Aplicada ao teatro, Machado, atuante na dança contemporânea, também se move em cena como se estivesse em quadros de um filme. “Fica muito próximo do brake, da dança de rua”, explica.
Como cenário, mais de 100 caixas de plástico coloridas são montadas e desmontadas por ele. Numa cena, surge uma “maquete de cidade” dentro da qual ele se torna king-kong – e contracena com Justin Bieber. Monstros e super-heróis ao estilo Power Rangers também são convocados, num processo de destruir e remontar, que, para Machado, tem a ver com a adolescência. “As crianças pequenas gritam as cores das caixas e querem subir nelas, enquanto os maiores recebem grande estímulo das referências pop”, conta.
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