Na pequena cidade de Kurouzu-Cho, litoral do Japão, algumas pessoas passam, de repente, a desenvolver hábitos estranhos presenciados com temor pela jovem Kirie Goshima. Ela vê, por exemplo, o pai de seu namorado Schuichi, completamente hipnotizado por uma casca de caracol, que ele leva para casa e junta à sua interminável coleção de objetos em forma de espiral. Logo, o hábito vira uma obsessão e o homem, aos poucos, vai assistindo seu próprio corpo tomar a forma de espiral que ele tanto admira. Quando morre, com todos os ossos quebrados graças aos novos contornos de seu corpo, a fumaça que sai da chaminé do crematório invade o céu da pequena cidade, em voltas sucessivas, espalhando a "peste" das espirais por todos os cantos.
Característica presente nos filmes de terror japoneses, o horror pelo caminho do bizarro é também o ingrediente dominante do mangá Uzumaki A Espiral do Horror (Conrad, 208 págs., R$ 12), assinada pelo japonês Junji Ito. Em três volumes (os outros dois já estão disponíveis para venda) o chamado "gênio dos quadrinhos orientais de terror" algumas de suas histórias chegaram a ser adaptadas para o cinema une a atmosfera aterrorizante de histórias originais, ao traço delicado e preciso, explorando com competência a psicodelia inspirada pela figura da espiral, tema dominante da história.
A partir de uma seqüência de fatos bem amarrada, Ito prende o leitor, cada vez mais chocado com os estragos causados pela "maldição da espiral" que, aos poucos, vai contaminando todas as pessoas da cidade, à exceção da protagonista Kirie. Esta, ao menos no primeiro volume da história, busca entender o que está acontecendo em sua cidade e evitar que a "doença" atinja seus familiares. No caminho, cenas como uma mulher arrancando as digitais dos pés e das mãos nos quais enxerga espirais e uma luta física entre os cabelos encaracolados de duas pessoas rendem desenhos belíssimos e assustadores.
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