Conheça um pouco da história e da proposta de trabalho do Cirque du Soleil, criado em 1984
Muitos profissionais quase não têm a chance de expandir o seu potencial. quando conseguem, é a realização. É este sentimento que toma conta dos 21 brasileiros que fazem parte do Cirque du Soleil trupe que faz nova turnê pelo país a partir de setembro e podem apresentar ao mundo a facilidade que eles têm em assimilar e exprimir as artes circenses, a dança, a música e a arte de rua. Os profissionais são selecionados em audições feitas no mundo todo para formar uma combinação harmoniosa de performances artísticas vindas de um retrato de culturas multiéticas. O objetivo da equipe do Cirque du Soleil é descobrir pessoas com habilidades artísticas e acrobáticas excelentes, mas que também estejam dispostos a exprimir sua criatividade, marca registrada da companhia.
A curitibana Isabela Coelho não esquece a participação que teve, em janeiro deste ano, em um show do Cirque du Soleil. Ela estava em Miami, com um grupo de teatro e arte circense, quando ficou sabendo da audição para trabalhar com a equipe do Cirque para o show da abertura do campeonato de futebol americano. Ela e outra amiga brasileira passaram.
Isabela domina a arte da perna de pau e tem uma técnica exclusiva. "Foi uma das melhores experiências profissionais na área de circo que eu já tive." Em um show para 80 mil pessoas, o que mais chamou a atenção da brasileira foi o modo como foi tratada. "Naquele clima de estresse pré-show, todo mundo nervoso, e os coreógrafos, diretores mantiveram a calma e deram o maior apoio para os artistas." Isabela ainda não foi contratada, mas seu desempenho despertou a atenção dos diretores e, de repente, ela pode ser mais uma estrela.
A nadadora Fernanda Nas Monteiro, 30 anos, especialista em nado sincronizado, não tinha idéia do que representava o Cirque du Soleil. Mas a arte circense já a atraía e fascinava. Em 1997, ela treinava na California (EUA) e por acaso foi assistir a um show de um dos principais circo do mundo. "Apaixonei-me. Era diferente de tudo o que tinha visto." Na saída do show, ela recebeu um folheto que convidava os interessados a fazer um teste para participar da companhia. Interessou-se, mas não foi atrás.
Como por obra do destino, alguns meses depois, durante o Campeonato Americano de Natação de Winnipeg, a treinadora convidou-a para participar da audição e ela topou. Não teve nenhuma certeza no final do teste, pois os responsáveis não marcaram dia para uma resposta. "Fui para casa sem muita expectativa e alguns dias depois fui chamada para participar de um treinamento em Las Vegas. Foi um sonho que deu certo."
A partir daí, Fernanda passou a fazer parte do espetáculo O, único show aquático do Cirque. "Sou muito feliz aqui. Já fiz de tudo e já explorei o que tinha para ser explorado. Depois de quase dez anos no grupo, posso cuidar de meus projetos pessoais e pretendo, no final do ano, voltar para o Brasil, dar cursos e trabalhar com teatro. Sinto necessidade de investir em mim agora", afirma a nadadora que quer descobrir novos talentos.
O faz-tudo
O mineiro de Belo Horizonte Kleber Berto, 24 anos, não poderia imaginar que os movimentos da capoeira serviriam para que ele pudesse dar uma "ginga" no destino e mudar o rumo da sua vida. Ele começou a praticar a capoeira aos nove anos em uma escola de circo da capital mineira que mantinha um projeto social para crianças carentes. Com uma família sem muitos recursos, esta foi a saída para o menino que mostrava muito talento ao desenvolver os movimentos ágeis e complicados e que, ainda por cima, exigem um componente ginástico-acrobático.
O professor que iniciou Kleber na capoeira o incentivou a fazer um teste para o Cirque du Soleil. Ele passou e, aos 21anos, foi para Montreal (Canadá), onde fica a sede do Cirque du Soleil, fazer um treinamento intensivo de oito meses. "Foi muito difícil. Deixar a família, meu irmão gêmeo no Brasil e chegar em outro país, sem falar o idioma. Passei por um período complicado de adaptação", conta.
O potencial de Kleber foi valorizado ainda mais no teste para a escolha do show que participaria. "O pessoal ficou surpreso. Eles pediam contorcionismo, eu fazia. Pediam malabarismo, eu fazia. Pe-diam luta marcial, eu fazia, e ainda por cima tocava instrumentos de percussão. Tudo que aprendi com a capoeira e com as aulas de circo", revela. Com um talento tão diversificado, o brasileiro chamou a atenção. "Os diretores do Cirque até brincaram e perguntaram: de onde você veio? Como consegue fazer de tudo?", lembra.
Há cinco anos, Kleber é um dos principais personagens do show Ká, um espetáculo residente apresentado em Las Vegas (EUA) desde 2005. O mineiro se transformou no Court Joster, uma espécie de palhaço da corte que conduz o show, mostrando toda a sua habilidade com a capoeira. "Em um primeiro momento, eu não conseguia acreditar que tinha chegado até aqui. Depois, eu comemorei muito. Tive muita determinação para conseguir realizar este sonho", confirma.
Uma determinação que quer realizar o sonho de outros jovens talentos. Ele tem um projeto social de escola de circo em Belo Horizonte, e os alunos são seus afilhados. Mesmo de longe, Kleber contribui com dinheiro e equipamentos: "Não dá para esquecer de onde eu vim. Agora, consegui até comprar um carro para levar as crianças para as aulas. É a minha vez de retribuir", conclui.
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