Alguém disse que as músicas natalinas mais bonitas são também as mais tristes. “A Very Murray Christmas”, o especial de natal que acaba de estrear na Netflix, funciona quando se deixa embalar por esse clima melancólico e confortante.
Na abertura do filme, quando Bill Murray olha pela janela como quem tenta aceitar a nevasca que paralisou Nova York, ouve-se baixinho uma melodia ao piano. Ele se vira e caminha até Paul Shaffer (músico que animava o talk show “Late Night with Dave Letterman”) e começa a cantar “Christmas Blues”:
Lista
As músicas natalinas em “A Very Murray Christmas” (com o nome do intérprete no filme):
1. “Christmas Blues” (Bill Murray)
2. “Let It Snow” (BM, Amy Poehler e outros)
3. “Jingle Bells” (BM)
4. “Do You Hear What I Hear?” (BM e Chris Rock)
5. “Baby, It’s Cold Outside” (BM e Jenny Lewis)
6. “Alone on Christmas Day” (Phoenix)
7. “Christmas (Baby, Please Come Home)” (Maya Rudolph)
8. “Only You” (Jason Schwartzman e Rashida Jones)
9. “Fairy Tale of New York” (BM, Jenny Lewis e outros)
10. “Sleigh Ride” (BM, Miley Cyrus e George Clooney)
11. “Silent Night” (Miley Cyrus)
12. “Santa Claus Wants Some Lovin’” (BM e George Clooney)
13. “Let It Snow!” (BM, Miley Cyrus e George Clooney)
14. “We Wish You a Merry Christmas” (BM)
“Os sinos estão soando/ As ruas cobertas de neve/ As multidões felizes se cumprimentam/ Mas eu não conheço ninguém. / Tenho certeza de que vocês vão me perdoar/ se eu não me entusiasmar/ Eu sofro de melancolia natalina.”
Murray é conhecido por saber cantar direitinho – embora não seja nenhum crooner – e ele não passa vergonha no filme que é, essencialmente, um musical. O mais perto que nós, brasileiros, chegamos de um especial de natal é talvez com Roberto Carlos.
Mas os programas natalinos da tevê americana são tradicionais e envolvem músicas de natal – o de Bill Murray tem 14 delas –, além de trazer um artista-anfitrião que recebe outras figuras mais ou menos conhecidas para criar o clima de comunhão que se espera das pessoas nessa época do ano.
“A Very Murray Christmas” faz um trocadilho intraduzível com o nome do ator e merry (“feliz”). A direção é Sofia Coppola , que havia trabalhado com Murray em “Encontros e Desencontros” (1997). Aliás, os dois filmes têm vários pontos em comum.
A história dentro do programa natalino é de que Murray deve apresentar um especial para a tevê com uma lista espetacular de convidados famosos, mas uma nevasca impede todo mundo de chegar ao Hotel Carlyle, o local do evento.
Santo Bill
Bill Murray foi capa da edição mais recente da revista “Vanity Fair” com perfil escrito pelo roteiro que colabora com ele há décadas, Mitch Glazer. O contexto da história é o filme “Rock the Kasbah” (2015), mas o especial para a Netflix também é citado. Num texto recente no “New York Times”, Steven Kurutz tenta explicar como Murray se tornou um “santo secular”. Um dos entrevistados diz que a despretensão do ator faz dele uma figura adorável.
Bill se vê angustiado porque não existe a possibilidade de escapar do fiasco e, como os anúncios foram vendidos e os contratos, assinados, ele tem de estrelar o show mesmo que não haja ninguém com ele. A situação melhora um pouco quando uma queda de luz espetacular afeta uma parte grande dos Estados Unidos e assim o especial é cancelado.
O cancelamento divide “Murray Christmas” em dois (com 56 minutos, ele é um filme relativamente curto). A tensão da primeira dá vez para uma celebração delicada na segunda, com Bill se confraternizando com quem está presente no bar do hotel.
No entanto, existem algumas armadilhas. As referências do filme são bem americanas. Tirando uma ou outra aparição de superestrelas – George Clooney e Miley Cyrus participam de uma terrível sequência de sonho –, as outras participações devem passar despercebidas por alguém que não conheça, no mínimo, o “Saturday Night Live”.
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