O comediante Aziz Ansari veio ao mundo na série de tevê “Parks and Recreation” (2009-2015), fazendo um dos funcionários da protagonista Leslie Knope (Amy Poehler). Tom, o personagem de Ansari, era um bon vivant inconsequente, um sujeito que gostava de luxos e de extravagâncias, e que não queria nada com trabalho. Um espertalhão, tentando emplacar alguma ideia espetacular de start-up capaz de render muito dinheiro com o mínimo de esforço.
“Parks and Rec” acabou e pouco depois Ansari apareceu em ao menos dois especiais de humor, produzido pela Netflix, no formato one-man show: é ele sozinho no palco, fazendo rotinas de stand-up; e escreveu um livro a quatro mãos, “Modern Romance”, com o sociológo Eric Klinenberg, sobre as peculiaridades de se relacionar afetivamente no mundo atual com seus WhatsApp, Tinder, Snapchat e o que mais surgir de ontem para hoje.
Agora, de novo para a Netflix, o ator vive Dev, um personagem relutante em encarar a vida adulta em “Master of None”. A primeira temporada, de dez episódios, estreou no serviço de streaming na sexta-feira (6). A série é uma criação do próprio Ansari com Alan Young, também de “Parks”.
A produção tenta confirmar o indo-americano como um dos protagonistas da nova geração de humor nos EUA e aposta na capacidade dele de falar para a geração que está – ou deveria estar – prestes a lidar com a vida adulta. Uma geração que convive com smartphones como uma extensão de seus corpos.
Há quem ache Ansari simpático e engraçado. Para mim, ele é irritante. Fala mole, geme e reclama como se fosse uma criança fresca de 6 anos. O problema é que tem 32. Talvez esse seja só um “personagem”, mas é assim que aparece em todos os programas que faz.
Já se falou muito sobre como os adultos parecem cada vez mais resistentes diante da perspectiva de deixar a casa dos pais. A vida está mais cara e é preciso abrir mão de confortos diariamente. Assumir responsabilidades também é complicado para os integrantes desse grupo, assim como a ideia de abraçar as dores de cabeça do mundo adulto (mas as vantagens desse mesmo mundo os interessam, é claro). Uma dessas vantagens, aparentemente, é poder se envolver com outros adultos.
Então este é o público de “Master of None”: capaz de rir de piadas que mostram o quanto os jovens de hoje, diante de crises econômicas e de uma vida difícil, são bizarramente mimados pelos pais e pela tecnologia.
Eu me pergunto se a intenção da série é esfregar na cara dos jovens o quanto eles são ridículos, mas não sei se entendi a piada. Posso ter passado da idade. Até aqui, vi os dois primeiros episódios de meia hora cada um. Vou tentar ver o resto e, se mudar de ideia a respeito da série, escrevo para você.