Safado, mas influente
Se estivesse vivo, Charles Bukowski completaria 80 anos em agosto. No dia 16 daquele que, ironicamente, nós brasileiros conhecemos como o "mês do cachorro louco", milhares de bêbados ao redor do planeta levantarão seus copos cheios num brinde ao velho Hank, como o chamavam os amigos.
A maneira mais curta, mais bonita e mais explosiva
Reza a lenda que Charles Bukowski começou a escrever poesia aos 35 anos, após ser internado com uma forte hemorragia num hospital público de Los Angeles.
Cinema é povoado de alter egos do escritor
Charles Bukowski, escritor e obra, é arrebatamento, excesso, subjetividade. No cinema, o uso abusivo desses elementos pode sempre resultar indigesto e, principalmente, redundante. A imagem muitas vezes banaliza o que o texto sugere. Apesar disso, o autor norte-americano teve sorte: seus livros renderam adaptações acima da média.
Se estivesse vivo, Charles Bukowski completaria 90 anos em agosto. No dia 16 daquele que, ironicamente, nós brasileiros conhecemos como o "mês do cachorro louco", milhares de bêbados ao redor do planeta levantarão seus copos cheios num brinde ao velho Hank, como o chamavam os amigos. Ele mesmo se tivesse resistido à pneumonia decorrente de uma leucemia, que o matou em março de 1994 tomaria um porre homérico para celebrar oito décadas de vida.
E que vida... Está tudo lá, descrito nos mínimos detalhes, em seus mais de 60 livros de poemas, romances e contos. Escrevendo com uma sinceridade de quem não tinha nada a perder, Bukowski desnudou o seu próprio universo de bêbados, bares, prostitutas, subempregos, hotéis baratos e corridas de cavalo. "99% do que escrevo é autobiográfico, o resto são sonhos", disse em sua primeira entrevista publicada, em 1963, no Chicago Literary Times. Descreveu sua vida em frases breves, sem nunca tentar parecer bom ou heróico.
Mesmo assim, alguns anos após a publicação da declaração acima, Bukowski já era considerado um herói. Virou ídolo da contracultura no final da década de 1960, em grande parte graças à coluna "Notas de um Velho Safado", publicada no jornal underground Open City, de Los Angeles. Nessa mesma época, ele conheceu John Martin, da Black Sparrow Press (hoje Ecco, um selo da HarperCollins), que viria a ser o editor de toda sua obra. Foi Martin que o convenceu, aos 49 anos, a largar um emprego nos Correios para se dedicar exclusivamente à escrita, em troca de um salário vitalício de cem dólares por mês. Em meados dos anos 70, quando se viu recusando propostas de trabalho e recebendo fotos de mulheres nuas pelo correio, Bukowski percebeu que a fama havia batido à sua porta. E ele, claro, a convidou para entrar e tomar um drinque.
Estilo
Com uma linguagem direta, espontânea, que capta o ritmo e a intensidade do falar das ruas, Bukowski deu à literatura americana o diferencial narrativo que gerações de escritores vinham buscando sem muito êxito. Não à toa, foi comparado a nomes como Henry Miller, Louis-Ferdinand Céline e Ernest Hemingway, dos quais herdou o senso de humor mordaz e irônico.
Falando de si mesmo a partir de seu alter ego, o beberrão Henry Chinaski, que protagoniza cinco de seus sete romances, Bukowski colocou os holofotes sob os excluídos, os que fracassaram em busca do sonho americano ou que simplesmente desistiram de persegui-lo em troca de algumas cervejas geladas. Virou uma espécie de anti-herói, como o beatnik Jack Karouac (On the Road Pé na Estrada), aquele tipo de autor cujos livros dificilmente são encontrados em bibliotecas, pois foram emprestados e nunca mais devolvidos, propositalmente.
Resultados de uma vida dura e intensa, as histórias do velho Buk, mesmo após 16 anos de sua morte, continuam influenciando novas gerações de escritores e artistas mundo afora. Prolífica, sua produção vem rendendo lançamentos frequentes só de poesia foram publicados 15 títulos inéditos desde sua morte e, neste ano, em que ele celebraria oito décadas de "delírios cotidianos", não deve ser diferente.
No Brasil, a L&PM Editores, responsável por grande parte dos títulos de Bukowski em português, prevê para o mês de outubro o lançamento de Partes de um Caderno Manchado de Vinho, coletânea póstuma de 36 ensaios e contos inéditos, de épocas variadas da produção do escritor, que, para a sorte de uma legião de leitores desajustados, parece sem fim.
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