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Há quem diga que hoje em dia a crítica musical sofre de falta de referências. Em tese, os próprios jornalistas musicais seriam os responsáveis pelo marasmo da atual cena roqueira, graças aos elogios rasgados a bandas que reproduzem, com roupagens atuais, a sonoridade de formações clássicas como Beatles, Rolling Stones, Television, Stooges, MC5, Gang of Four, Black Sabbath e Led Zeppelin, entre outros. Os artistas reclamam ser vítimas de rotulagens e comparações implacáveis e aleatórias por parte da imprensa, o que, segundo eles, apenas prejudica o andamento do trabalho em questão, além de "enganar" os pobres ouvintes e fazer com que toda "novidade" soe como repetição.

Esse é, de certa forma, o caso do quinteto paulistano Gram, famoso pelo videoclipe da canção "Você Pode Ir na Janela" (aquele em que um gatinho acaba com suas sete vidas cometendo suicídios), presente em seu álbum de estréia (lançado de forma independente em 2003 e relançado pela Deckdisc no ano seguinte). Por causa da canção o grupo passou, imediatamente, a ser comparado com a carioca Los Hermanos, graças aos versos instrospectivos e à mescla de indie rock com elementos "emepebísticos". E as comparações não pararam por aí. As canções tristonhas, volta e meia permeadas por bases de piano, rescendiam ainda a Radiohead e Coldplay.

Eis que no release de divulgação de seu segundo álbum, o recém-lançado Seu Minuto, Meu Segundo, o jornalista responsável pelo texto, já no primeiro parágrafo, adianta que o disco tem como missão "acabar de vez com a insistência de alguns em comparar o grupo a Coldplay, Radiohead ou Los Hermanos". "Teve gente que escreveu que nosso som parecia com isso e muita gente saiu repetindo. Mas acabar com as comparações não foi nossa preocupação enquanto trabalhávamos no álbum. Queríamos apenas fazer um trabalho bem feito", contradiz o baterista, Fernando Falco, em entrevista ao Caderno G.

Afinal de contas, que mal há em ter sua música comparada com as bandas já citadas, três das poucas que conseguem ser recordistas de vendas e público fazendo um trabalho de qualidade? Nenhum, especialmente quando as referências são tão inegáveis quanto no caso do Gram. Se as comparações ainda incomodam, os meninos que se preparem.

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