Uma manifestação pacífica pegou de surpresa os aproximados dois mil delegados e observadores da 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, a COP8, que desembarcaram sábado e domingo no Aeroporto Afonso Pena. Foi impossível passar sem ler os cartazetes segurados por seis alunos do curso de Ciências Biológicas da UFPR, todos membros do Pró-Araucária, grupo que trabalha pela criação de três unidades de conservação de floresta de pinheiros-do-paraná.
Os dizeres em inglês, francês, chinês e espanhol confundiam os recém-chegados: "Resta menos de 1% da floresta de araucária no estado do Paraná. O que você acha disso?" Para quem chegou da Oceania, como os representantes das Ilhas Fiji, Tuvalu, Kiribati e Ilhas Cook, para citar algumas comitivas do final de semana, provavelmente nada. Mas como a turma da COP é interessada por tabela, as manifestações de apoio pipocaram aqui e ali. "Que droga!", bradou um estrangeiro. "Do que se trata?", perguntou o pessoal do Greenpeace. "É menos de 1%", protestou um paranaense.
As chances de o assunto subir a tribuna da conferência são mínimas, até porque a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) só pode tomar decisões sobre questões comuns a todas as Partes, cabendo a cada uma, posteriormente, aplicar o que foi discutido. A criação de áreas de preservação, apesar da simpatia geral da nação, só pode ser tratada no atacado, não no varejo.
Para os grupos, basta que a conversa caia na boca dos delegados e afins. O eco conta pontos nessa mobilização que só cresce. O Pró-Araucária, por exemplo, surgiu há um ano e meio, entre estudantes do Centro Politécnico da UFPR. Hoje, são 50 militantes, aptos para uma prova oral sobre o tema, se for preciso. "Sempre lembramos as pessoas de que a floresta de araucárias faz parte do bioma Mata Atlântica. Dessa, todo mundo já ouviu falar. É um modo de chamar atenção", diz Alana Reis, 18 anos, aluna do primeiro período de Biologia da UFPR.
Boas-vindas
Para os angels voluntários que fazem o receptivo dos participantes das conferências este final de semana foi de trabalho triplo: a COP8 vai ter cerca de 3.700 participantes, contra mil da MOP3 (3.º Encontro das Partes do Protocolo de Cartagena de Biossegurança). No Afonso Pena, 20 voluntários se alternaram em vários turnos. Apenas na manhã de sábado foram 400 recém-chegados. "Aqui é o front da COP", compara o voluntário Jean Carlo Johnson, 40 anos, um dos organizadores do programa e que já foi voluntário da Força de Paz da ONU por 15 anos. Segundo ele, a correria no atendimento a viajantes não rouba o encanto da tarefa. "Alguns africanos, por exemplo, dançam quando chegam no saguão. Eles são calorosos como nós. Esse trabalho é contagiante", diz.
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