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 | Marcelo Andrade/Gazetado Povo
| Foto: Marcelo Andrade/Gazetado Povo

Foi um enfarte agudo do miocárdio que tirou a vida de Jair Rodrigues, aos 75 anos. O músico foi encontrado na sauna de sua casa, em Cotia, na grande São Paulo, às 10 horas da manhã de ontem. O corpo de um dos músicos mais extrovertidos e autênticos do país foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta madrugada. O enterro acontece hoje, às 10 horas, no Cemitério do Morumbi.

Nascido em Igarapava, interior de São Paulo, o músico ganhou o Brasil ao interpretar a hoje clássica "Disparada", de Geraldo Vandré e Théo de Barros, vencedora do 2.º Festival de Música Popular Brasileira, em 1966, junto com "A Banda", de Chico Buarque.

O primeiro rapper

Depois de passar a infância e adolescência cantando em corais de igreja, Jair Rodrigues de Oliveira começou a carreira profissional como crooner de casas noturnas, em 1957. No ano seguinte, participou de seu primeiro concurso de calouros.

Na década de 1960, mudou-se para a capital de São Paulo, onde trabalhou como engraxate, mecânico, servente de pedreiro e ajudante de alfaiate, enquanto tentava se estabelecer na música. Começou a se destacar cantando sambas.

Seu primeiro sucesso foi "Deixa Isso pra Lá", lançada em seu segundo disco, Vou de Samba com Você, de 1964. Considerada a precursora do rap nacional, por conta do refrão falado, foi eternizada pela clássica coreografia que o cantor fazia com as mãos. Não à toa, nomes como Rappin’ Hood e Emicida lamentaram a morte "do primeiro rapper do Brasil".

Em 1965, Jair substituiu Baden Powell num show no Teatro Paramount, em São Paulo. Foi quando dividiu o palco pela primeira vez com a também estreante Elis Regina, que viria ser sua parceira profissional. Juntos, lançaram o disco Dois na Bossa. O sucesso do álbum levou os dois a formar a dupla Jair e Elis, que capitaneou o programa O Fino da Bossa, da TV Record. Até o fim da vida, Jair jurava de pés juntos que nunca houve nada com Elis além de amizade e parceria musical.

Do mundo

O canto poderoso e a simpatia garantiram sua popularidade nos anos seguintes, gravando discos e participando de festivais, além de fazer shows em países como Portugal, Alemanha, França, Itália, Estados Unidos e Japão. Com formação de crooner, versátil, passou por diversos gêneros, sem nunca se distanciar do samba.

O último trabalho de Jair foram os CDs Samba Mesmo, volumes 1 e 2, lançados em março de 2014. Jair estava preparando sua biografia, com a ajuda dos filhos, os também músicos Jair(zinho) e Luciana Mello. O cantor deixa também quatro netos (dois de cada filho) e a mulher Clodine.

Trajetória

Da infância em Igarapava às parcerias inesquecíveis com Elis Regina. Relembre a carreira de Jair Rodrigues:

• 1939 – Jair Rodrigues de Oliveira nasce no dia 6 de fevereiro na cidade de Igarapava (SP). • 1957 – Começa a carreira de cantor atuando como crooner em casas noturnas no interior de São Paulo. • 1958 – Prestou o serviço militar no Tiro de Guerra de São Carlos, como Soldado Atirador nº 134. • 1960 – Estreia no rádio em São Paulo. Vence um programa de calouros na Rádio Cultura.

• 1962 – Grava seu primeiro disco, em que há duas marchinhas sobre a Copa do Mundo do Chile: "Brasil Sensacional" e "Marechal da Vitória". • 1964 – Grava os LPs – Vou de Samba e O Samba Como Ele É. A música "Deixa Isso pra Lá", do segundo disco, faz grande sucesso em todo o Brasil e é considerado o primeiro rap composto no país. • 1965 – Conhece Elis Regina e canta pela primeira vez com a "Pimentinha". Com ela, gravaria o célebre LP Dois na Bossa.

• 1966 – Participa do 2º Festival de Música Popular brasileira da TV Record, defendendo a canção "Disparada" (de Geraldo Vandré e Théo de Barros) • 1971 – Se apresenta na Europa e grava seu disco de maior sucesso – Festa Para Um Rei Negro. A música-titulo é o samba- enredo da escola Salgueiro, aquele do refrão "Olêlê/Olalá/Pega no ganzê/Pega no ganzá..." • 1975 – Grava na França o disco Ao Vivo no Olympia de Paris.

• 1985 – Lança praticamente um álbum por ano até chegar novamente ao topo das paradas com o disco Jair Rodrigues, em que há a canção "Majestade o Sabiá", de Roberta Miranda.

• 2000 – Lança o álbum 500 anos de Folia e participa da novela O Cravo e a Rosa, da Rede Globo, cantando a canção título.

• 2006 – No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, é o homenageado do 4º Prêmio Tim da Música Brasileira. Também é indicado ao Grammy pelo álbum de samba Alma Negra. • 2011 – Canta para milhares de pessoas na Virada Cultural de Curitiba (foto) em frente ao Sesc Paço da Liberdade.

• 2012 – Se apresenta pela última vez em Curitiba, no mês de agosto, na Caixa Cultural.

• 2013 – O cantor foi a principal atração da Virada Paraná, se apresentando na cidade de Cianorte, no mês de outubro.

• 2014 – No início do ano, lança, em dois volumes, o disco Samba Mesmo, com um repertório composto de serestas e sambas-canção.

8 de maio de 2014 – Jair Rodrigues morre, aos 75 anos, em sua casa, em Cotia.

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