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Euclides da Cunha: Amazônia | Fotos: Reprodução
Euclides da Cunha: Amazônia| Foto: Fotos: Reprodução
  • Mário de Andrade: interior

A literatura de viagem não tem no Brasil a mesma tradição que lá fora, sobretudo nos mundos de língua inglesa – pródigo em aventureiros que são, ao mesmo tempo, grandes prosadores do idioma – e francesa, que deu ao mundo alguns dos principais poetas-viajantes (Rimbaud talvez o principal deles) e outros tantos pensadores e filósofos do ato de viajar.

Há, claro, muitos relatos de estrangeiros sobre a terra brasilis – não à toa, de novo, além de portugueses e espanhóis por razões óbvias, ingleses e franceses. Muitos deles, como se sabe, patrocinados no século 19 pela curiosidade do imperador d. Pedro II – ele também viajante contumaz.

Coincidência ou não, alguns dos melhores relatos de viagem escritos por autores brasileiros que resolveram percorrer a imensidão do próprio país são remakes de viagens anteriores. Duas expedições, uma recente e outra nem tanto, dão a medida dessa tendência.

As viagens pelo interior do Brasil feitas, entre 1927 e 1929, pelo escritor modernista Mário de Andrade, e mais tarde relatadas em O Turista Aprendiz, foram repetidas pelo jornalista Miguel de Almeida, então um jovem repórter da Folha de S. Paulo, no início dos anos 80. O resultado da experiência – na época publicado em capítulos regulares no jornal – acaba de ganhar relançamento no livro Na Trilha dos Trópicos (Lazuli), editado pela primeira vez logo após a viagem.

Euclides da Cunha, muito conhecido pelo trabalho como correspondente de guerra na campanha de Canudos e pelo clássico daí resultante, Os Sertões, se aventurou também pela Amazônia. Engenheiro de formação e ex-militar, Euclides foi nomeado chefe da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus e, durante alguns meses do ano de 1905, comandou uma expedição cheia de percalços ao Acre. Chegou a passar fome e sofreu com surtos de malária, experiência que resultou nos textos de À Margem da História (Martin Claret) – na verdade, apenas a parte que conseguiu concluir, antes de ser assassinado, de um volume maior que deveria se chamar Um Paraíso Perdido.

O itinerário de Euclides foi refeito, por ocasião do centenário de morte do escritor, no ano passado, pelo jornalista Daniel Piza e pelo fotógrafo Tiago Queiroz, de O Estado de S. Paulo. O relato alimentou, por alguns dias, o blog de Piza, além de render material para um documentário dirigido por Felipe Machado. Um resumo da saga desses viajantes, seguindo os passos de Euclides da Cunha na Amazônia, está disponível na internet: www.estadao.com.br/pages/especiais/euclides (CS)

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