Mac (Seth Rogen) foge das garotas do Kappa Nu.| Foto: Chuck Zlotnick/Divulgação

A comédia “Vizinhos 2”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (19), segue a mesma linha de humor escatológico, doidão e politicamente incorreto do primeiro filme, dirigido e protagonizado pelo canadense Seth Rogen. Recicla piadas – inclusive uma que pareceu repetitiva já na produção anterior, em que personagens são lançados brutalmente contra paredes ao se sentarem em armadilhas com airbags. Força a barra para arrancar risos nervosos com alguma coisa chocante (muitas vezes conseguindo só constrangimento). É feita para agradar o mesmo público que gostou de “Vizinhos” (2014), e deve desagradar de novo quem não gosta deste tipo de humor.

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Trama

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A história é a mesma: uma fraternidade se muda para o imóvel ao lado do casa do casal Mac (Rogen) e Kelly Radner (Rose Byrne), que desta vez está tentando vender sua propriedade para se mudar para uma maior, agora que Kelly espera a segunda filha. Com medo de não conseguir vender o imóvel por causa da bagunça na casa ao lado, Mac e Kelly – desta vez ajudados por Teddy Sanders (Zac Efron) –, vão para a guerra de novo.

O que muda é que, desta vez, trata-se de uma “sorority” – gênero feminino das famosas irmandades estudantis que são tradição nas universidades americanas. A “Kappa Nu” é fundada por um trio de garotas liderado por Shelby (Chloë Grace Moretz), inconformada com o fato de as “sororities” não poderem dar festas ou venderem bebidas alcoólicas – cabendo sempre às fraternidades masculinas o papel de anfitriãs.

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Toque feminista

O enredo toca em um assunto relevante nos Estados Unidos: as festas em fraternidades são sabidamente cenário para casos de violência sexual, tema que está entre as preocupações das universidades do país hoje. Fraternidades femininas alternativas têm defendido que o direito de darem suas próprias festas diminuiria as oportunidades dos agressores – argumento que é endossado na história do filme (Shelby e suas amigas têm a ideia da Kappa Nu depois de se sentirem em ambiente hostil quando vão a uma destas festas em uma fraternidade).

A questão entra no filme em forma de uma de suas piadas de gosto duvidoso, mais como um jeito de ridicularizar a cultura machona que domina as fraternidades do que qualquer outra coisa. Mesmo assim Chloë Moretz tem defendido o significado simbólico do filme – que ela, aos 19, tentou tornar “mais interessante para mulheres mais jovens”, contou, em entrevista ao Business Insider, do Reino Unido. A comédia, afinal, estaria expondo uma regra claramente opressora e que muita gente desconhece.

Ao mesmo tempo, boa parte do humor do filme é construída sobre estereótipos grosseiros – um deles recai sobre as próprias universitárias, que são todas burras (todo mundo no filme é, a bem da verdade). Rogen brinca com estas contradições de discursos, sempre se equilibrando sobre linhas tênues (que às vezes ultrapassa ). Uma das brincadeiras consiste n protagonista ficando completamente perdido nesses assuntos. Complexidades à parte, porém, de um filme desses só se espera que faça rir. Só que nisso “Vizinhos 2” também não se garante.