Curitiba subiu duas posições no ranking Connected Smart Cities. A cidade ficou em terceiro, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro na lista de cidades inteligentes. O bom desempenho em urbanismo e governança garantiram a boa colocação à capital paranaense. O prêmio leva em conta outras nove aspectos da gestão urbana, como saúde, meio ambiente e tecnologia. O resultado foi anunciado na manhã desta quarta-feira (8), no evento que dá nome à classificação, no Rio de Janeiro.
O prêmio avalia o potencial das cidades de tornarem-se inteligentes, ou seja, a capacidade do município de produzir respostas aos problemas urbanos. De fazer das soluções polos geradores de desenvolvimento. “Ela não vira inteligente porque comprou um sistema de rastreamento de automóvel. A cidade é um organismo vivo que busca incorporar inteligência, tecnologia para garantir qualidade de vida e sustentabilidade econômica”, explica Thomas Assumpção, presidente da Urban Systems, consultoria que elaborou o ranking em parceria com a Sator.
O resultado leva em conta as ações implantadas para solução dos problemas. O especialista em inovação André Telles, do iCities, acredita que Curitiba tem a seu favor um “DNA inovador”, que influencia tanto ações do governo quanto da iniciativa privada e da sociedade como um todo. O empenho da cidade em realizar hackatons é um exemplo. As “maratonas hacker” contam com apoio da administração. O município, por sua vez, pode incorporar tecnologia fresquinha e aumentar a eficiência de gestão.
A relação com aplicativos urbanos é outra boa prática. Curitiba foi a primeira cidade do país a criar perfil oficial no Colab, rede social de reclamações e sugestões ao poder público. A cidade também é sede da Fleety, plataforma de “car sharing” (compartilhamento de carros), que tem entre suas objetivos dar maior fluidez à mobilidade urbana. São ações que têm um pé na iniciativa privada e tornam a cidade mais inteligente, explica Telles. O iCities é co-organizador do Connected Smart Cities.
No quesito urbanização, Curitiba passou do quarto para o primeiro lugar. A regularização das parcerias público-privadas por meio das “operações urbanas consorciadas”, incluídas no Plano Diretor municipal, pesou. Não é só a existência da lei, explica Assumpção, mas a sua aplicabilidade. “Se tem lei mas não tem PPP nenhuma, ou a lei é ruim ou você não sabe usar”. Curitiba tem operação urbana consorciada no projeto da Linha Verde, de 2011.
No quesito governança, a transparência de dados e existência de conselhos de monitoramento mantiveram a cidade no primeiro lugar. A cidade é 1.º lugar na Escala Brasil Transparente (EBT), elaborada pela Controladoria Geral da União (CGU), e no “Ranking da transparência” do Ministério Público Federal (MPF). O secretário do Governo Municipal, Ricardo Mac Donald Ghisi, vê como um reconhecimento. “É uma série de ações voltadas para a gestão. O básico é a gestão transparente e participativa, por isso temos estes prêmios”.
O incentivo a energias limpas e renováveis é um dos pontos fracos da cidade, no ranking, na opinião de André Telles, do iCities. A cidade de Palmas, no Tocantins, levou primeiro lugar na região Norte graças uma nova lei de incentivos. Empresas que investem em infraestrutura sustentável (como instalação de células fotovoltaicas e calha para recolher água da chuva) ganham desconto em impostos municipais.
O projeto Ecoelétrico, em Curitiba, é uma boa iniciativa que pode ser um impulso para iniciativas em energia. O projeto que incorpora veículos elétricos à frota pública é uma parceria entre município, as empresas Renault e Itaipu, e o centro de pesquisas Ceiia. Desde sua criação, em 2014, já poupou a emissão de 12.264 quilogramas de gás carbônico na atmosfera, segundo dados do site oficial do programa. Para André Telles, é o tipo de ação que “faz com que o município entenda melhor o conceito de cidades inteligentes e o coloque em prática”.
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