“Não sei se vou”, declarou Edésio Passos, com a determinação de quem corta a corda de uma guilhotina, ao saber do jantar comemorativo a seus 50 anos de advocacia. Foi em 2012. Tinha ojeriza à posição de modelo, herói, personagem. Pressionado pelo filho, o advogado André Passos, completou o desaforo, com a teimosia de um guerrilheiro: “Também não sei se vou falar”. Pois Edésio foi e falou. Talvez tenha sido seu mais belo discurso, o que não é pouco em se tratando de um homem que contabilizou 60 anos de vida pública.
Do bolso do paletó comprado às pressas pela família - Edésio só tinha um figurino, a japona - sacou uma “carta a seus pais”, relato do que experimentou desde a morte deles até aquele noite com a qual insistiram em lhe presentear. Fosse classificar, o texto poderia ser chamado de “testamento afetivo”, semelhante ao deixado pelo psiquiatra Oliver Sacks. Ambos falam de relacionamento amoroso com a vida. Ninguém que tenha trocado ao menos cinco minutos de conversa com Edésio arriscaria duvidar.
Nascido em Tomazina, no Norte Pioneiro, Edésio cresceu em Londrina, numa família de mãe do lar e pai contador. Edésio pai - um provedor estilo patrão, dado à rédea curta - determinou que Edésio filho fosse engenheiro. O piá era inteligente e talentoso - mandava bem no acordeão -, que fizesse dinheiro. Ele disse “não”, por certo com tremor nas canelas. Teria sido seu début na rebeldia. Seu Edésio e dona Adel morreram sem entender as escolhas do filho mais moço - angústia confessa que carregou pelo resto dos dias.
Edésio Passos desceu na rodoviária de Curitiba em 1957, para cursar Direito, debaixo de desaprovações. Para seu pai, advogados eram a escória. Em troco, galgou cada passo para provar o contrário. Na mocidade, não houve movimento no qual não tenha se atirado com a fúria de um aqualouco: atuou como repórter nos jornais Última Hora - o qual viu ser pilhado em 1964, e O Estado do Paraná; fez teatro de protesto; filiou-se ao Partido Socialista. A penúria não lhe roubou a ternura: morou e comeu de favores, sem cerimônia. Atirou-se também nos braços de uma libanesa bonita - a prima Zélia - e juntos formaram o casal símbolo da resistência à ditadura, em especial a partir de 1968. Ambos foram para a Ação Popular (AP), para a prisão a partir de 1971 e para todos os lugares escuros reservados a sua geração.
Nunca se soube ao certo quem lhe apresentou a cartilha revolucionária. É provável que tenha sido um comunista histórico, o professor Vieira Netto, da UFPR, para quem não passou em branco o aluno mais brilhante da turma, detentor de todas as medalhas de mérito. Há quem diga que a escola de Edésio foram redações. Talvez o sindicalismo, mas, sobretudo, a própria advocacia, no qual militou, abrindo um capítulo no Direito do Trabalho. Entre os seus, impressiona mesmo foi nunca ter se deixado anestesiar. “O que mais lhe entristecia era o arbítrio extremo, as pessoas que não podiam se defender”, observa André Passos. Para exercer essa tarefa, disse “não” aos que tentaram alçá-lo ao posto de juiz. Tinha boias-frias e operários de fábrica na sua sala de espera.
A rotina do doutor Edésio em escritórios seguia uma disciplina de Esparta. É lendária a reunião com sua equipe, sempre às sete da manhã... de segunda-feira. O máximo de atraso permitido era 7h01. Costumava ser cirúrgico. Documentava sua longa vida pública em encadernações - um delírio para pesquisadores acostumados a arquivos cujas caixas lhes despencam na cabeça. Entre seus tiques, queria saber onde estava a sala das “tias” do cafezinho - e não raro lhes arrumava lugar melhor. Se alguém tentava lhe botar cabresto no fim de semana, marcando um evento, respondia curto e grosso. “Domingo é muito longe”. Odiava agendas no dia que devia dedicar às associações de bairro e similares.
Emissários de todos esses mundos nos quais Edésio circulava não faltaram a seu enterro. Estavam lá as serventes, mas também os desembargadores. Os que como ele viram o PT nascer no Paraná. Líderes comunitários e o alto escalão da Itaipu, onde foi diretor administrativo de 2005 a 2016. A eterna companheira Zélia Passos, mas também Cleuci, a mulher com quem viveu nos últimos 20 anos. Foram exatas 62 coroas de flores, uma cerimônia para 500 pessoas e mais de mil passantes. Não houve economia de lágrimas nem de depoimentos - inclusive odes à risada gostosa e às piadas de salão, sua especialidade. André calcula ter respondido a exatos mil mensagens - inclusive dos que julgava desafetos. Para não esquecer o que o pai significou, adotou uma medida: carrega consigo a carteira da OAB de Edésio, tirada em 1961, documento que lhe serviu de passaporte para enfrentar o mundo.
Em tempo. Edésio Passos teve uma parada enquanto aguardava uma consulta médica, ao lado de André. Discutia desafios energéticos e saídas para a crise política. “Morreu falando do Brasil. E do que gostaria de fazer pelos trabalhadores caso houvesse o impeachment”, diz o filho. Deixa viúva, quatro filhos, três netos e dois bisnetos.
Dia 9 de agosto, aos 77 anos, de complicações cardíacas, em Florianópolis (SC).
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Lista de falecimentos
Abel dos Santos Lima, 76 anos. Profissão: motorista. Filiação: João José dos Santos e Maria da Conceição dos Santos. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim Independência, em Araucária, saindo da capela mortuária do local.
Ademir Farias Leal, 43 anos. Filiação: Olivir de Souza Leal e Neusa de Farias Leal. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Santa Cândida, saindo da Igreja Deus É Amor da Vila Sabará, no bairro CIC.
Alzira Galvão Vicente, 78 anos. Profissão: funcionária pública estadual. Filiação: João Batista Galvão e Severina Batista Galvão. Sepultamento hoje, no Cemitério Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo do mesmo local.
Amália Orchel, 67 anos. Profissão: do lar. Filiação: Miguel Orchel e Bolessuava Orchel. Sepultamento hoje, no cemitério municipal da cidade de origem, saindo da capela número 01 do Cemitério Municipal Boqueirão.
Anderson dos Santos, 45 anos. Profissão: segurança. Filiação: Antônio dos Santos e Laizi Vieira dos Santos. Sepultamento ontem.
Antônio Procopiak Neto, 55 anos. Filiação: Osíris Procopiak e Neldi Greinert Procopiak. Sepultamento ontem.
Arilto Antônio Esposito, 80 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Pedro Esposito e Luíza Perine Esposito. Sepultamento ontem.
Benedita Antunes de Paula Rodrigues, 64 anos. Profissão: do lar. Filiação: Crispim Ferreira de Paula e Ana Maria Antunes Garcia. Sepultamento hoje, no Cemitério Vaticano, saindo da capela número 01 do Cemitério Municipal Santa Cândida.
Carolina Kubiak Araújo, 92 anos. Profissão: do lar. Filiação: Vicente Kubiak e Helena Kubiak. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo de Santa Felicidade.
Cássio da Silva, 56 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Genesio da Silva e Luíza Maria Ribeiro da Silva. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim Independência, em Araucária, saindo da Capela Mortuária de Araucária.
Dirte da Silva Lima, 63 anos. Profissão: agricultora. Filiação: Antônio Alves da Silva e Prescilia Alves da Silva. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo da Igreja Católica Pio X, em Planalto (PR).
Doroti Barboza Riesemberg, 73 anos. Profissão: professora. Filiação: Augusto Riesemberg Sobrinho e Ilva Barboza Riesemberg. Sepultamento ontem.
Douglas dos Santos Silva, 28 anos. Profissão: auxiliar. Filiação: Ivanildo Pinheiro da Silva e Vânia Terezinha dos Santos Silva. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal de Campina Grande do Sul, saindo da Igreja Católica de Barragem do Capivari, em Campina Grande do Sul.
Eduardo Pereira Vieira, 26 anos. Profissão: autônomo. Filiação: José Vieira e Alzira Pereira Vieira. Sepultamento ontem.
Emília Novakosky Lippmann, 87 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Novakosky e Felícia Novakosky. Sepultamento ontem.
Eudalia Macedo Nickel, 77 anos. Profissão: do lar. Filiação: Aristides Borges de Macedo e Angelina Luciano de Macedo. Sepultamento ontem.
Ezequiel de Oliveira, 23 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Aquiles de Oliveira e Maria de Lourdes Padilha. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim Independência, em Araucária, saindo da Capela do Alvorada, na mesma cidade.
Gilmar Escuissato, 62 anos. Profissão: auxiliar administrativo. Filiação: David Escuissato e Navair Eglafira Escuissato. Sepultamento ontem.
Idalina Maria do Espírito Santo, 66 anos. Profissão: do lar. Filiação: Antônio Pinto Costa e Delfina Maria do Espírito Santo. Sepultamento ontem.
Iracema Pereira de Melo, 85 anos. Profissão: professora. Filiação: Salviano Pereira da Silva e Emília Clara Rosa. Sepultamento hoje, no Cemitério Comuna Evangélico Luterano, saindo da capela mortuária do local.
Jesuína Santiago Dias, 77 anos. Profissão: do lar. Filiação: Januário Santiago Dias e Clemencia Maria de Jesus. Sepultamento ontem.
Juvelina Camargo Alves, 86 anos. Profissão: do lar. Filiação: Narcizo Alves de Camargo e Emília Alves de Camargo. Sepultamento ontem.
Kanitar Aimore Saboia Cordeiro, 80 anos. Profissão: economista. Filiação: Adelio Grillo Cordeiro e Aurora Saboia Cordeiro. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Iguaçu.
Laurindo Miliaris, 78 anos. Profissão: mestre de obras. Filiação: João Miliaris e Maria Siqueira. Sepultamento ontem.
Leonides Macario de Pontes, 71 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Antônia Josefa de Pontes. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo da Capela Municipal de Cerro Azul.
Licanora Maria de Paula, 83 anos. Profissão: do lar. Filiação: Otília Maria de Jesus. Sepultamento ontem.
Luiz Carlos Schu dos Santos, 59 anos. Profissão: marceneiro. Filiação: Sebastião Maciel dos Santos e Geny Machado Schu dos Santos. Sepultamento hoje, no Cemitério Paroquial Campo Comprido, saindo da capela mortuária do local.
Manoel Garcia Ribeiro, 64 anos. Profissão: policial militar. Filiação: João Garcia Ribeiro e Maria do Carmo Garcia. Sepultamento hoje, no cemitério municipal da cidade de origem, saindo da Capela Mortuária de Barão de Antonina (SP).
Maria Cândida da Silva, 83 anos. Profissão: do lar. Filiação: Enrique da Luz e Ana Pereira. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim da Colina, em Colombo, saindo da Capela São Leopoldo, no bairro CIC, em Curitiba.
Maria Helena Castro Alves, 34 anos. Profissão: professora. Filiação: Valdir Castro Alves e Helena Manjski Castro Alves. Sepultamento ontem.
Maria Helena Ladica, 65 anos. Profissão: vendedora. Filiação: João Ladica e Maria Moura Ladica. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Boqueirão, saindo da capela número 01.
Maria de Oliveira Teixeira, 82 anos. Profissão: do lar. Filiação: Martinho Bernardo de Oliveira e Custodia Barcelos de Oliveira. Sepultamento hoje, no Cemitério Memorial da Vida, em São José dos Pinhais, saindo da Capela São Leopoldo, no bairro CIC.
Osmar Florentino, 39 anos. Profissão: auxiliar de cozinha. Filiação: Ademar Florentino e Ivete de Oliveira Florentino. Sepultamento hoje, no Cemitério Pedro Fuss, em São José dos Pinhais, saindo da Igreja Evangélica Pentecostal Deus É Amor, no bairro Uberaba.
Otávio Vitor da Silva, 96 anos. Profissão: agricultor. Filiação: Maria Francisca da Conceição. Sepultamento ontem.
Perci Groger, 73 anos. Profissão: contador. Filiação: Pedro Groger e Cerise Zanicotti Groger. Sepultamento ontem.
Rodrigo Cardoso Kalkuski, 21 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Pedro Kalkuski e Diva Cardoso da Silva. Sepultamento ontem.
Shirlei Maria Santos, 49 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Roberto dos Santos e Valdemir Santos. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim da Colina, em Colombo, saindo da Igreja Evangélica Olhos de Águia, na Vila Oficinas, em Curitiba.
Sônia Marli Otto de Mello Damasco, 59 anos. Profissão: autônoma. Filiação: Waldomiro Coelho de Mello e Catarina Otto de Mello. Sepultamento ontem.
Thiarles Lázaro de Paula Cordeiro, 23 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Isoel de Paula Cordeiro e Terezinha do Roccio Lázaro. Sepultamento hoje, no cemitério municipal da cidade de origem, saindo da residência.
Vanderlei Artigas Pinto, 41 anos. Profissão: auxiliar. Filiação: Silvano Pinto e Ana Artigas Pinto. Sepultamento hoje, no Cemitério Pedro Fuss, em São José dos Pinhais, saindo da capela número 01 do Cemitério Municipal São Francisco de Paula.
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