A hora da decisão entre ofertas de emprego fica ainda mais difícil se envolve uma mudança de cidade ou de país. Para o administrador Rodrigo Ribeiro de Souza, foi difícil decidir entre uma oportunidade em Curitiba e outra em Atlanta (Estados Unidos). Como seu plano de carreira inclui morar fora do Brasil, ele ficou bastante propenso a aceitar a mudança para longe. Mas, com 26 anos, acabou optando pela empresa onde trabalha até hoje, a fabricante norueguesa de papel imprensa Norske Skog, que tem escritório em Curitiba e fábrica em Jaguariaíva (Norte Pioneiro).
Souza trabalhava com comércio exterior numa fabricante de computadores quando entrou no processo seletivo de uma trading de alimentos norte-americana. No dia em que foi avisado de que as passagens para a entrevista haviam sido emitidas, recebeu a ligação de uma headhunter que até hoje ele não sabe como o encontrou oferecendo trabalho na Norske. "Me senti privilegiado. Mas foram três semanas de completa angústia." Para decidir, ele usou todas as informações que tinha à disposição, objetivas e subjetivas. "Durante as entrevistas em Atlanta, percebi que poderia não me adequar à cultura corporativa", diz. Além disso, a empresa poderia transferi-lo para Buenos Aires, onde estourava naquele momento a crise argentina. E a oportunidade brasileira apresentava mais perspectiva de futuro.
Ele colocou tudo isso no papel e acabou convencido de que a chance de trabalhar fora do país poderia se repetir na multinacional norueguesa. "Mesmo depois de decidir, você não sabe o que está deixando para trás. Até hoje não sei como teria sido minha vida", pondera.
Na faixa dos 25 aos 35, dizem os especialistas, é mais comum pesar valores pessoais na hora de escolher. "Entram questionamentos como o que a empresa irá agregar, o que se vai aprender, no que essa corporação acredita", diz Arlete Galperin, da ZHZ Consultores. Pode ser o caso de procurar um teste vocacional se houver tempo para isso, já que muitas ofertas requerem uma resposta rápida, o que eleva a tensão do momento.
A analista financeira Luciana Gazzoni procurou um coach sem saber que precisaria desse treinamento para uma decisão futura. "Na época, percebi que posso escolher a empresa onde quero trabalhar, não preciso ser escolhida pelo mercado", diz. Foi com essa noção que, aos 27 anos, ela enfrentou a escolha entre um cargo na sua área (recursos humanos) e outro na área de finanças, onde ganharia menos.
"A primeira reação é optar pelo maior salário, mas pesei a perspectiva de futuro e escolhi a segunda", conta. Foi assim que ela entrou para a Esso.
Se fosse o caso de um profissional rumando para a quarta década de vida, a expectativa financeira provavelmente pesaria mais. "Ela cresce proporcionalmente aos compromissos familiares", lembra Arlete.