O mexicano Blanco, visto como alinhado aos Estados Unidos| Foto: Edgard Garrido/Reuters

No Itamaraty e mesmo entre diplomatas na OMC, havia o temor de que, por não ter o apoio dos países ricos, Roberto Azevêdo poderia ter a candidatura afetada. Vinte e quatro horas antes do fim da votação, Azevêdo disparou telefonemas aos aliados para garantir que não mudariam de opinião. O brasileiro ainda criou uma verdadeira tropa de choque para blindar a candidatura e servir de cabo eleitoral. Oito países emergentes, entre eles os membros dos Brics, saíram em busca de apoio ao brasileiro, insistindo que a vitória seria a da visão do mundo em desenvolvimento.

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O esforço final teria dado resultado, com uma votação expressiva e que confirmou uma vitória sem questionamentos. Blanco telefonou a Azevêdo minutos depois de saber o resultado para reconhecer a vitória do brasileiro. Estados Unidos e Europa também já haviam indicado pela manhã que, se Azevêdo vencesse, não se oporiam. De acordo com diplomatas de alto escalão do comércio internacional, a decisão de norte-americanos e europeus de não se opor tinha um motivo: sabiam que, diante do número avassalador de votos de Azevêdo no mundo em desenvolvimento, criariam uma perigosa crise se tentassem impor sua visão. "Em 1999, uma situação parecida ocorreu", afirmou um experiente diplomata. "Naquela ocasião, os países emergentes votaram por um tailandês e os ricos, pela Nova Zelândia. Em número de votos, a Tailândia ganhou. Mas a pressão para que não assumisse foi tão grande que o mandato acabou sendo dividido entre os dois. Agora, essa pressão dos países ricos não tinha chance sequer de ser considerada", afirmou.

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