As ações da Petrobras tiveram novo tombo nesta sexta-feira (30) e atingiram seu menor valor em 11 anos, após a agência de classificação de risco Moody's ter rebaixado todas as notas de crédito da companhia, citando preocupações com investigações sobre corrupção na estatal e possível pressão sobre a liquidez da empresa em função de atraso na divulgação do balanço auditado.
Os papéis preferenciais da Petrobras, mais negociados e sem direito a voto, perderam 6,51%, para R$ 8,18 cada um. É o menor valor desde 10 de novembro de 2003, quando valia R$ 8,08.
Já as ações ordinárias da estatal, com direito a voto, recuaram 5,08% no dia, para R$ 8,04 cada uma - menor preço desde 27 de agosto de 2003, quando era cotada em R$ 7,97.
Apenas nesta semana, os papéis preferenciais e ordinários da companhia perderam, respectivamente, 18,20% e 15,55%, terminando o mês de janeiro com fortes desvalorizações acumuladas de 18,36% e 16,16%. Foi o quinto mês consecutivo de baixa para os ativos da estatal na BM&Fbovespa.
O desempenho voltou a empurrar o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, para o vermelho. A desvalorização foi de 1,79% nesta sexta-feira, para 46.907 pontos.
Pessimismo
A avaliação de analistas é que o corte do rating da Petrobras pela Moody's já era esperado, e que as outras duas agências de risco, Fitch e Standard & Poor's, podem fazer o mesmo em breve.
"Não foi uma medida precipitada", diz João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos. "Há o valor de R$ 88 bilhões estimado para perdas com corrupção na empresa, mas a dificuldade em aprovar a baixa contábil deixa ainda mais conturbado o cenário para a companhia. O corte é uma forma de as agências se protegerem."
Para Ricardo Kim, analista da XP Investimentos, "a situação segue complicada" para a Petrobras, principalmente por causa do elevado nível de endividamento da empresa (4,63 vezes é a relação entre a dívida líquida e a geração operacional de caixa da companhia).
"Se não emitir o balanço do quarto trimestre de 2014 auditado até junho, dívidas futuras serão antecipadamente consideradas vencidas. Sabemos que ainda estamos longe dessa situação, quatro meses, mas é algo que preocupa, pois a própria presidente da companhia destacou que pode demorar mais de dois anos para descobrir 'todos os problemas' da petroleira", afirma em relatório.
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