O primeiro mês de 2013 já promete trabalho à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Altas atípicas em papéis como CCX e Lupatech no mês podem colocar essas empresas no radar de investigações da xerife do mercado de capitais, para apurar se houve uso de informação privilegiada na negociação de suas ações.
O "insider" está no rol de crimes contra o mercado de capitais e pode levar a prisão por até cinco anos. A infração ocorre quando alguém usa uma informação sigilosa, desconhecida do mercado, para negociar com vantagem no mercado financeiro.
A CCX, empresa de carvão de Eike Batista, teve dois pregões de forte elevação: alta de 8% na sexta-feira passada e de 44,91% na segunda-feira, quando fechou a R$ 3,13. Com isso, o papel acumulava alta de 50,24% no ano. Naquele dia, a mineradora chegou a afirmar que não tinha "nada a comentar sobre a oscilação nas ações". Mas, após o fechamento do mercado, Eike anunciou que pagaria R$ 4,31 por ação para fechar o capital da CCX. A reportagem apurou que a CVM pediu explicações à empresa do grupo EBX em meio à escalada das ações. Isso indica que a oscilação tende a ser checada.
"Que houve algum vazamento de informação é certo. Se o controlador anuncia uma oferta a quase o dobro do preço da ação e no dia anterior ela sobe demais, não há outra conclusão", diz a analista Leila Almeida, da Lopes Filho.
Após um ano de reestruturação em 2012, a fornecedora do setor de óleo e gás Lupatech já acumula valorização de 33,94% em seus papéis este ano. No dia 7, a empresa teve de publicar, a pedido da Bovespa, um comunicado em função das oscilações e aumento da quantidades de ações negociadas após a virada do ano.
A Lupatech disse "não ter conhecimento de fato que justifique o comportamento das ações da companhia nos pregões realizados nos últimos dias, não havendo, igualmente, nenhuma informação não adequadamente divulgada". Ao contrário do que circulava no mercado, a empresa não anunciou nenhuma transação relevante, apenas mudanças na diretoria financeira.