- Em quatro anos, país teve nove apagões de energia
- Corte de energia atingiu pelo menos oito estados e o Distrito Federal
- Corte generalizado de energia tem ligação com crise hídrica, afirmam especialistas
- Causa de corte generalizado de energia seria consumo em razão do calor
- Usina termonuclear Angra 1 também foi desligada após corte generalizado de energia
- 300 mil residências ficaram sem luz no Paraná por ordem do ONS
Depois de duas altas consecutivas, o principal índice da Bolsa brasileira começou a semana no vermelho, pressionado por ações do setor elétrico, após um apagão nesta segunda-feira (19) ter atingido pelo menos oito estados e o Distrito Federal.
O medo de um racionamento de energia no país, segundo analistas, também intensificou a perda das ações de outros setores importantes da Bolsa, como o de bancos e o de matérias-primas, visto que uma crise elétrica causaria impacto negativo para o já enfraquecido desempenho econômico do país. O temor pressionou o dólar, que subiu.
A desvalorização do Ibovespa foi de 2,57%, para 47.758 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,942 bilhões, abaixo da média diária do ano, de R$ 6,406 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa.
Setor elétrico
As companhias do setor elétrico estiveram entre as maiores quedas do Ibovespa no dia, puxadas por CPFL (-7,30%, para R$ 17,52), Light (-6,59%, para R$ 14,75), Cemig (-6,38%, para R$ 11,60), Tractebel (-6,31%, para R$ 31,46), Copel (-5,99%, para R$ 32,15) e Energias do Brasil (-5,85%, para R$ 8,53).
A Cesp caiu 4,71%, para R$ 24,30, enquanto as ações preferenciais da Eletrobras, com direito a voto, perderam 4,26%, para R$ 7,41. Os papéis ordinários da estatal, com direito a voto, tiveram desvalorização de 3,92%, para R$ 5,39. O índice de energia elétrica da Bovespa teve baixa de 4,61%.
"As ações do setor elétrico já vinham caindo desde cedo, mas ampliaram as baixas com a notícia sobre o apagão. Falta solidez nesse setor, que precisa de investimentos, mas não consegue captar recursos", diz Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer.
O analista Felipe Miranda, da Empiricus Research, avalia em nota que o apagão desta segunda reforça "a tese de colapso do setor elétrico do país".A falta de energia ocorreu em função de um corte solicitado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) junto às distribuidoras. "A coisa vai piorar", diz Miranda. "Já se fala em queda de 1,5% do PIB [Produto Interno Bruto] caso haja racionamento de energia", completa.