O acordo entre Varig e seus funcionários será decisivo para a concretização da venda da empresa, avaliou uma fonte ligada ao processo de recuperação judicial da companhia.
- Sem esse acordo, que poderá passar por desconto do passivo trabalhista ou alongamento de prazos para o pagamentos de indenizações, dificilmente a VarigLog vai continuar com a sua proposta", afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada.
Pela proposta da VarigLog, apenas 2.500 dos 10 mil funcionários da Varig seriam aproveitados na nova companhia, que manterá a marca Varig, resultando em indenizações de 65 milhões de dólares em um levantamento preliminar da consultoria Deloitte.
A desistência da VarigLog, única interessada até o momento na compra das operações da Varig, seria motivada pelo medo de assumir as dívidas em caso de quebra da parte antiga da Varig, que ficará com esses passivos.
- Se não houver acordo trabalhista é a falência, porque a VarigLog não vai querer assumir as dívidas trabalhistas da Varig -, afirmou a fonte.
Pela nova lei de recuperação judicial, em caso de falência da empresa remanescente (antiga Varig) a nova empresa pode ficar com as dívidas, a não ser que se comprove má gestão dos recursos. Na falta de um acordo, a Varig não teria como pagar as indenizações.
A Varig terá que levar aos credores, na assembléia marcada para o dia 17 de julho, propostas de pagamento das dívidas levando em conta sua nova estrutura.
A receita da companhia, após a venda da parte operacional, ficará limitada a aluguéis de imóveis e Centro de Treinamento de Pilotos; operação da Nordeste Linhas Aéreas, com apenas uma rota ligando Congonhas a Porto Seguro; participação de 5% da nova Varig e créditos a receber da União, referente a ações judiciais.
Se a proposta for aprovada na assembléia, ressaltou a fonte, provavelmente outras empresas poderão concorrer com a VarigLog no leilão, principalmente as suas concorrentes.
- TAM e Gol não se manifestaram no leilão passado porque a única proposta apresentada não era séria... mas se tudo caminhar para a venda, elas vão acabar dando lance, não vão deixar surgir mais uma concorrente no mercado - aposta a fonte.
Apesar de ter reduzido sua participação para menos de 10% do mercado, a tendência da Varig seria de recuperar terreno com recursos do novo comprador.
Para o leilão ter sucesso, a venda precisa ter maioria da aprovação das três categorias de credores: categoria 1, trabalhistas ; categoria 2, Aerus e alguns créditos do Banco do Brasil; categoria 3, estatais e empresas de leasing. Mas se for aprovada por duas categorias, caberá à Justiça decidir se a venda pode ser feita.