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O adiamento da capitalização da Petrobras de julho para setembro teve como principal objetivo reduzir as incertezas da operação e garantir o sucesso do que pode ser a maior oferta pública de ações do mundo, disse nesta quinta-feira uma fonte ligada ao processo.

"Os investidores manifestaram receio com a demora para o preço que o governo colocaria no barril da cessão onerosa. Um encontro de contas mais à frente poderia ser desfavorável ao acionista", explicou a fonte.

A idéia de se fazer a oferta pública de qualquer maneira, "com ou sem cessão onerosa", como pregaram executivos da empresa, também foi descartada a partir do momento em que o Congresso aprovou a cessão de reservas de petróleo pelo governo de áreas não-licitadas na cobiçada região do pré-sal.

"Com a aprovação da cessão, não tinha sentido fazer uma oferta pública sem a cessão, os investidores querem esse valor (das reservas de petróleo) agregado ao patrimônio da companhia", disse a fonte.

"Com a cessão e a certificação simultânea, foram eliminados dois riscos importantes da operação, que não é uma operação qualquer, pode atingir 20, 40 bilhões de dólares", complementou.

A Petrobras programava uma capitalização para final de julho ou início de agosto, antes das férias do hemisfério norte. O valor da operação vai depender do preço do barril que será estipulado pelas certificadoras para o petróleo nos reservatórios antes da exploração.

Em um primeiro momento, a empresa afirmou que não precisaria esperar a certificação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, mas a reação negativa do mercado obrigou a companhia a considerar a avaliação da ANP.

O governo foi autorizado pelo Congresso a ceder até 5 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), em um projeto de lei que em seu artigo terceiro obriga que as reservas sejam certificadas para a cessão onerosa. O valor do barril deve se situar entre 5 e 6,5 dólares, segundo pesquisa feita pela Reuters. A previsão é de que as estimativas sejam divulgadas no final de agosto.

De acordo com a fonte, a capitalização da Petrobras é mais complexa por se tratar de uma operação entre partes relacionadas, já que o governo controla a companhia com 55,6 por cento do capital ordinário e 32 por cento do capital total.

"Se fosse entre duas empresas privadas, as coisas seriam mais fáceis, mas com partes relacionadas fica tudo mais complexo", observou a fonte.

Ele comentou ainda a forte queda das ações da empresa após o anúncio do adiamento da operação. Depois de fechar em queda de 2,1 por cento na quarta-feira, os papéis da companhia despencaram 3,54 por cento nesta quinta.

"O mau humor do mercado em grande parte é porque muitos já venderam ações da Petrobras a futuro, e com o adiamento mudou o target (alvo)", explicou.

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