Em uma aparente crítica ao recente afrouxamento monetário do Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta terça-feira (17) que "seria prematuro relaxar as configurações da política enquanto a inflação ainda está acima da mediana da faixa meta e com tendência de alta."
O mercado prevê que o Copom anunciará nesta quarta-feira um corte de 0,75 ponto percentual na Selic, atualmente em 9,75 por cento ao ano.
Em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial, o FMI estima que a economia brasileira vai expandir 3% neste ano e 4,1% em 2013, recuperando-se da decepcionante taxa de crescimento de 2,7% no ano passado.
"A economia brasileira está agora perto de seu potencial em termos de crescimento", afirmou em Washington o consultor do Departamento de Pesquisa do FMI Thomas Helbling. "Há um senso de que não há necessidade de muita ajuda adicional em políticas", completou.
Os riscos de um superaquecimento no Brasil diminuíram depois que políticas macroeconômicas começaram a dar frutos e o ambiente externo enfraqueceu, disse o Fundo em seu relatório.
"Entretanto, o crédito elevado e crescimento das importações sugerem que os riscos de superaquecimento não estão completamente sob controle e podem ressurgir se os fluxos de capital retornarem aos níveis anteriores", alertou a instituição.
América Latina
A América Latina continua num "caminho tranquilo" para um crescimento econômico estável, mas os formuladores de política econômica da região têm uma tarefa progressivamente difícil para impedir o superaquecimento da economia e ao mesmo tempo busca escapar da crise da dívida da zona do euro, disse o FMI.
O Fundo projeta que a América Latina terá expansão de 3,7% em 2012 e de 4,1% em 2013 - uma leve revisão para cima em relação a janeiro, quando estimou um crescimento de 3,6% e 3,9%, respectivamente.
A expectativa ainda é de que a região cresça com o dobro da velocidade de países desenvolvidos mesmo que o crescimento sofra uma moderação ante a taxa de 4,5% em 2011, de acordo com estimativas do FMI.
"Esta combinação de ganhos políticos e recente resiliência frente às mudanças do sentimento global significa que a perspectiva é promissora", disse o FMI.
O Fundo alertou, entretanto, que mudanças abruptas de humor nos mercados financeiros estão complicando o trabalho dos formuladores de política, que precisam "continuar vigilantes em relação a possíveis recuos da Europa e altas dos fluxos de capitais."
Contágios devido à crise da zona do euro surgiram nos últimos meses através de canais comerciais, financeiros e bancários, mas tiveram apenas impacto limitado na atividade econômica, disse o FMI. O órgão estimou que a produção econômica da região pode recuar 0,75 por cento se a crise da zona do euro ressurgir.