A agência de classificação de risco Moody’s cortou nesta terça-feira (11) a nota de crédito do país para Baa3 e alterou a perspectiva para estável. A nota anterior do país era Baa2 – com o corte, o país está a um nível de perder o grau de investimento na agência.

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A Moody’s foi a segunda entre as três principais agências de classificação a rebaixar o rating do Brasil para mais perto do território especulativo, após decisão similar da Standard & Poor’s, que tem uma perspectiva negativa para o Brasil. A Fitch Ratings ainda classifica o Brasil dois degraus acima do nível especulativo, com perspectiva negativa.

INFOGRÁFICO: entenda como funciona a escala de ratings globais

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A Moody’s atribuiu a decisão ao desempenho econômico mais fraco que o esperado, à situação fiscal do país e à falta de consenso político para aprovar as reformas fiscais. As divergências, segue a agência, vão impedir as autoridades de alcançar um superavit primário que seja suficiente para conter e reverter o endividamento crescente do país neste ano e no próximo.

Entenda o que é grau de investimento

grau de investimento é uma condição atribuída por agências internacionais de classificação de risco a papéis, empresas ou países para definir que se trata de um investimento seguro -ou seja, com baixo risco de calote.As três agências risco de maior visibilidade no mundo são a Standard & Poors, a Moodys e a Fitch Ratings.As empresas de avaliação de risco são contratadas para fazer essa análise, que é uma opinião. Apesar disso, argumentam que, mesmo sendo atribuída mediante encomenda de agentes financeiros, a nota de risco é uma avaliação independente e confiável porque há uma preocupação com a credibilidade da própria agência.

Vale destacar, porém, que, na quebra do mercado imobiliário americano que esteve no epicentro da crise de confiança global desencadeada em 2008, papéis do setor que se mostraram “ativos podres” tinham nota máxima das agências de classificação de risco com grau de investimento.

As notas emitidas são expressas na forma de letras e sinais aritméticos.

“Como resultado disso, a carga da dívida do governo e a capacidade de pagamento continuarão a deteriorar materialmente em 2015 e em 2016, em comparação com as expectativas anteriores da agência de rating, para níveis materialmente piores do que outros países com ratings Baa. A Moody’s tem a expectativa de que a carga de dívida crescente se estabilize somente perto do fim do governo atual”, diz a nota.

Para a Moody’s, “o Brasil retém vários pontos positivos em termos de crédito que se refletem no rating Baa3: sua capacidade para resistir a choques financeiros externos, tendo em vista as amplas reservas internacionais; um balanço do governo com exposição relativamente limitada a dívidas em moeda estrangeira e a dívidas de não residentes, em comparação com países com ratings semelhantes; e uma economia grande e diversificada”.

Esforço

A equipe econômica, liderada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) vinha tentando evitar um rebaixamento do crédito com uma série de cortes de gastos para conter o déficit fiscal, que saltou durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

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O governo reduziu a meta de economia para pagamento de juros da dívida deste ano a equivalente a 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 1,1% do PIB previsto até então. Também anunciou corte adicional de gastos de R$ 8,6 bilhões.

Indicação

Após o rebaixamento do rating do Brasil para Baa3 pela agência de risco Moody’s nesta terça-feira (11), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a decisão da agência é uma indicação das prioridades que o governo deve ter para manter a qualidade da dívida pública.

“A declaração da Moody’s explica exatamente os pontos que ela achou relevante, é uma declaração bastante detalhada, transparente e que eu acho que dá indicação das prioridades que a gente tem que ter em relação a manter a qualidade da nossa dívida pública”, disse ao deixar o Ministério da Fazenda depois de uma reunião com banqueiros.

Contudo, o governo deixou em aberto a possibilidade de fechar o ano com déficit primário de mais de R$ 17 bilhões caso não consiga obter algumas receitas com as quais conta e que basicamente dependem da aprovação do Congresso Nacional, em meio a uma intensa batalha política entre o Executivo e o Legislativo.

“Alívio”

Uma fonte do governo disse que o rebaixamento do rating era esperado e salientou o fato de a perspectiva não ter ficado negativa. “Um rebaixamento é sempre negativo mas, por outro lado, a perspectiva negativa não se concretizou, o que reflete que o esforço do governo está tendo efeito”, afirmou a fonte.

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De modo geral, a perspectiva estável sinaliza que a classificação não deve mudar nos próximos 12 a 18 meses.

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o mercado reagiu bem à notícia, já que o país conseguiu manter o grau de investimento. “Ganhamos uns seis meses de respiro com a perspectiva estável. O maior medo era que a Moody’s jogasse logo o país para o grau especulativo”, afirmou.

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