Elevar a taxa básica de juros (Selic) provoca desemprego, aponta estudo da Confederação Federal de Economia (Cofecon) apresentado nesta sexta-feira (31). De acordo com a entidade, há “extrema vinculação” entre taxa de juros e saldo da geração de postos de trabalho no país.
A Confederação confrontou as trajetórias do emprego e da Selic para fazer a análise. Como resultado, observou-se que, com certa defasagem de tempo, a redução dos juros coincide com um aumento no fluxo de carteiras assinadas e vice-versa. Sob comando do Banco Central, a elevação da taxa básica de juros é um instrumento de contenção de demanda, que reduz a pressão inflacionária.
De acordo com o presidente da Cofecon, Paulo Dantas, a política de elevação de juros é um forte inibidor do investimento privado e de consumo das famílias. Esse “resfriamento” da economia acaba refletindo no emprego. “Não somos contra o controle da inflação. A nossa discussão é em função da dosagem”, afirmou. A entidade pondera, entretanto, que a variação da Selic não é a única variável que influencia no nível do emprego.
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Em 2008, quando estourou a crise internacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu forte redução da taxa de juros, que foi de 13,75% em dezembro daquele ano para 8,75% em setembro de 2009. Como reflexo, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o saldo de postos de trabalho gerados no país saltou de 1,4 milhão em 2009 para 2,6 milhões em 2010.
Já em 2011 a queda na geração de empregos foi seguida de nova redução na taxa básica de juros, que atingiu o piso histórico de 7,25% em outubro do ano seguinte. Após a medida, foi possível observar que a queda na criação de vagas foi menos intensa entre 2012 e 2013.
“O que ocorreu a partir de então foi o mais absoluto desencontro, com o governo, mesmo com a nítida desaceleração no ritmo de geração de emprego, persistir na elevação da taxa de juros”, avalia a Cofecon.
Altas seguidas
A política monetária promoveu aumentos da Selic, que foi para 10% em 2013, 11,75% em 2014 e 14,25% na última reunião do Copom, neste mês. O saldo de emprego, por sua vez, foi positivo em 1,1 milhão em 2013, 413 mil em 2014, mas com retração de 345 mil vagas apenas no primeiro semestre deste ano.
Segundo a entidade, há a expectativa de 2015 fechar com saldo negativo de 1 milhão de postos.
“Os efeitos que poderiam advir de uma política monetária contracionista não justificam a dose acentuada do ‘remédio’ aplicado, dada a gravidade dos efeitos colaterais provocados”, afirma a Confederação.
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